Amigo de Lula, Rei Felipe VI da Espanha quer mais parceria com o Brasil

Amigo de Lula, Rei Felipe VI da Espanha quer mais parceria com o Brasil

Lula “No começo do meu governo, em 2003, o Brasil era um país capitalista sem economia. Mudamos isso”O Rei Felipe VI da Espanha recebeu nesta quinta-feira (10), em Madri, no Palácio de Zarzuela, o ex-presidente Lula para conversar sobre geopolítica e as possibilidades de ampliação de parcerias com o Brasil. Esta foi a primeira vez que os dois se encontraram desde que Felipe assumiu a coroa espanhola, em 2014. Nesta sexta-feira (11), Lula participa do fórum sobre desafios e oportunidades para as economias emergentes. O evento organizado pelo El País terá como moderador Juan Luis Cebrián, presidente do El País e Prisa, de Lula e de Felipe González, ex-presidente do governo de Espanha. 

No debate, que pôde ser acompanhado pela internet, Lula disse que todo o santo dia um artigo, uma matéria na mídia local, é negativa sobre todo o conjunto de vitórias obtidas pela sociedade brasileira, porque há, na verdade, um profundo temor dos conservadores de sua volta ao governo em 2018. A narrativa para impedir seu retorno, a cada hora, recorre a qualquer assunto, por exemplo, quando defende investimentos de empresas brasileiras no exterior. Sempre defendi, antes, durante e depois do governo, disse Lula, assim como faz essa defesa o Rei Felipe VI e seu pai, Juan Carlos. “Quem não defende as empresas de seu próprio País?”, indagou. 

Lula recordou que ao assumir o governo brasileiro em 2003, promoveu um profundo ajuste fiscal para resgatar a credibilidade externa que o Brasil não tinha. “O Brasil era um país capitalista sem economia”, afirmou, porque não havia recurso para crédito, já que nessa linha a disponibilidade de todo o sistema financeiro não superava R$ 380 milhões. Logo em seguida, com uma política orientada para o crescimento sustentável e inclusivo, a linha de crédito chegou rapidamente a R$ 2,7 bilhões e hoje varia de 27% a 54% do PIB. 

Mas a situação do País quando chegou à presidência não era nada agradável, o Brasil todos os anos ia passar o pires no FMI. Em janeiro de 2003, as reservas internacionais eram de US$ 30 bilhões, sendo que US$ 19 bilhões eram do FMI. O Brasil pagou essa dívida e hoje as reservas estão em US$ 370 bilhões. O risco-País que era maior do que 2.300 pontos hoje está abaixo de 300, com toda a crise econômica mundial e interna. É por isso que Lula acredita na superação da crise. “É necessário previsibilidade e confiança. O governo tem feito o ajuste necessário para superar a crise e ela será superada”, afirmou. O que preocupa, de acordo com o ex-presidente, é superar a crise política e para isso é o melhor caminho é o diálogo. 

O ex-presidente da Espanha, Felipe González, defendeu que os países busquem a eficiência e a previsibilidade para superar as crises econômica e política. Por mais que setores da direita estejam retornando ao poder na América Latina, com Maurício Macri na Argentina e a derrota do governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, ele não crê que existirá uma substituição da democracia representativa, como se notou nas eleições departamentais da França que elegeu nomes da ultradireita da Frente Nacional de Marine Le Pen.

Confira: http://elpais.com/eventos/el_desafio_de_los_emergentes.html

Marcello Antunes 

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