Comissão aprova parecer de Gleisi que aumenta tributação do lucro dos bancos

Comissão aprova parecer de Gleisi que aumenta tributação do lucro dos bancos

Para assegurar acordo, Gleisi mantém em 20% alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)Depois de muitas idas e vindas, articulações e conversas, a Comissão Especial Mista que analisou a medida provisória (MP nº 675/2015), que altera a tributação de bancos e instituições financeiras, aprovou nesta quarta-feira (26) o parecer da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Para assegurar a construção de um acordo entre parlamentares de todos os partidos, Gleisi manteve a alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) sugerida pelo Executivo em 20%. Atualmente, a taxação é de 15%. Para as cooperativas de crédito, manteve-se um aumento menor, para 17%

Em versão anterior do relatório, Gleisi propunha alíquota de 23% para a CSLL, porque defendia que a incidência de impostos deve ser maior sobre quem lucra mais – e os bancos, os maiores, lucraram só no primeiro trimestre mais de R$ 16 bilhões. Foi por isso que a senadora apurou os resultados financeiros de alguns bancos para embasar a primeira versão de seu parecer: o Bradesco, por exemplo, obteve um lucro trimestral de R$ 4,47 bilhões; Itaú-Unibanco, de 5,984 bilhões; o Banco do Brasil, de 7,4 bilhões. Quem lucrou menos foi a Caixa e o Santander, na casa de R$ 1,6 bilhão. “Eu estou falando esses números em um trimestre”, destacou Gleisi, que reivindicava tributação maior para o “andar de cima”.

Como era de se esperar, a proposta foi bombardeada pela oposição, pela mídia especializada e por analistas que defendem os bancos. O discurso, uníssono, era o de que o aumento da tributação redundaria no repasse para os clientes. Gleisi também fez um contraponto a essa corrente, dizendo que essa possibilidade de repasse para os clientes era muito pouco provável, até porque, queira ou não, há concorrência entre os bancos.

A oposição fincou o pé até que, na reunião de terça-feira (25), a senadora admitiu retornar ao patamar de 20% para garantir a votação do relatório. “Houve um apelo muito grande para que se retorne aos 20% do texto original. Entendo que isso é a manifestação da maioria e não seria eu a querer insistir nos 23% prejudicando a medida provisória”, disse Gleisi.

A nova versão do parecer também restringe a validade dos aumentos para até dezembro de 2018. Após esse prazo, a alíquota volta ao patamar de 15%.

Fechado o acordo, o parecer de Gleisi foi aprovado em votação simbólica, numa sessão que durou pouco mais de meia hora. “Apresentei uma errata à complementação de voto, consolidando o acordo para dar um prazo para a validade de alteração da alíquota da CSLL”, explicou.

O governo espera arrecadar R$ 900 milhões já em 2015; R$ 3 bilhões, em 2016 e atingir o teto de R$ 4 bilhões, em 2017.

Agora, o texto precisa passar pelos plenários da Câmara e do Senado. Isso antes de 18 de setembro, quando a MP perde a validade. De acordo com o texto da MP, ela passa a valer em 1º de setembro – a MP foi editada no dia 21 de maio e prevê a entrada em vigor no primeiro dia do quarto mês subsequente à publicação. Para cooperativas, o aumento começa a valer a partir de 1o de outubro deste ano, com a mesma data final.

 

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Giselle Chassot

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