Dilma faz duras críticas aos juros cobrados pelos bancos

Durante o anúncio de medidas de incentivo à produção da indústria nacional, a presidenta Dilma Rousseff fez duras críticas aos juros cobrados pelos bancos dos brasileiros. “Concordo que precisamos fazer uma discussão do ‘spread’ bancário porque tecnicamente é de difícil explicação”, disse a presidenta, sendo muito aplaudida. ‘Spread’ bancário, no jargão financeiro, representa a diferença entre o juro que uma pessoa recebe ao depositar suas economias numa aplicação bancária.

 

Dilma faz duras críticas aos juros cobrados pelos bancos

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‘Spread’ bancário, no jargão financeiro, representa a diferença entre o juro que uma pessoa recebe ao depositar suas economias numa aplicação bancária – hoje em cerca de 0,75% ao mês – e o juro que banco cobra quando faz um empréstimo – hoje acima de 4% ao mês no Crédito Direto ao Consumidor (CDC), mas que pode chegar a 9% ao mês no cheque especial ou a quase 20% ao mês no crédito rotativo (pagamento de apenas uma parte da dívida) no cartão de crédito.

Dilma fez essa crítica após o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, ter observado que entre as medidas adotadas pelo governo para incentivar a indústria nacional e preservar o emprego, uma das iniciativas foi a redução dos juros dos financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  “Da mesma maneira que achamos importantíssima a valorização da produção, dos financiamentos com juros menores, é uma pena que as medidas não valem para reduzir os ‘spreads’ bancários, os juros dos bancos e do cartão de crédito”, afirmou.

Mercado interno

Em seu discurso, em que também empossou 19 representantes do governo, empresários e trabalhadores nos Conselhos de Competitividade, a presidenta Dilma afirmou que o mercado interno brasileiro tem sido o baluarte contra qualquer crise internacional e a opção pelo seu fortalecimento significou uma inversão da política adotada por outros países para recuperar suas economias. “A melhor saída para a crise gerada pelos países desenvolvidos não está na receita da recessão e precarização do trabalho. Essa é a fórmula do fracasso, que faz sempre as mesmas vítimas, os trabalhadores e os empresários”, afirmou.

Segundo a presidenta, o Brasil comprovou que é possível cortar gastos e investir ao mesmo tempo, por isso a ampliação das políticas de investimento e financiamento tendem a aumentar a competitividade das exportações no mercado internacional, garantindo a inclusão, o desenvolvimento tecnológico e a melhoria do emprego. “Ao governo cabe incentivar essas ações e nós também temos que lutar contra a concorrência predatória, desleal e contra práticas protecionistas. Diante disso vamos agir com firmeza nos organismos internacionais e adotar salvaguardas para preservar as nossas empresas, a renda e os trabalhadores”, garantiu.

Quando afirmou que o governo brasileiro não vai abandonar a indústria brasileira, porque não concebe o desenvolvimento sem uma indústria forte e competitiva, a presidenta foi novamente aplaudida. “O governo tem os instrumentos para fazer os ajustes e não vai deixar de usá-los. As câmaras setoriais, os comitês, os fóruns de competitividade nos ajudarão a construir esse conjunto de investimento produtivo no Brasil. Queremos um país rico que investe, que cria empregos e torna mais competitivo”, disse ela, acrescentando que poderia agregar esse pensamento ao slogan do governo: “País rico é país sem miséria”.

Marcello Antunes

Fotos: Roberto Stuckert Filho

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