Economist: Ciência sem Fronteiras é um programa sem precedentes

Um amplo programa de bolsas de estudo pode impulsionar o crescimento econômico 

Dilma e os cientistas de amanhã
Vender as habilidades tecnológicas de seu País e impulsionar o mercado de TI foi o principal objetivo da missão de Dilma Rousseff em uma feira de grande comércio em Hanover em 5 de março. Na visita, a presidenta do Brasil fez questão de posar para fotos com jovens compatriotas que, no mês passado, começaram a estudar em universidades alemãs sob o patrocínio de um novo programa de seu governo – o Ciência Sem Fronteiras.

Até o final de 2015, mais de 100 mil estudantes – metade sem curso superior, metade cursando doutorado – terá passado um ano ou mais no exterior nas melhores universidades do mundo para estudar ou se especializar em áreas como biotecnologia, oceanografia e engenharia de petróleo, setores que o governo considera como essencial para o futuro da nação. O programa vai custar R$ 3 bilhões (cerca de US$ 1,65 bilhão) – custo que será bancado tanto por empresas quanto pelo contribuinte brasileiro.

Ciência Sem Fronteiras é a mais ousada tentativa do Brasil para engatar uma nova marcha na economia. A taxa anual de crescimento prevista para o País, entre 4% e 4,5%, é ligeiramente inferior à média latino-americana e muito menor do que a dos outros países do BRIC. Com ele, as autoridades brasileiras esperam que a melhoria da qualidade da força de trabalho possa fazer uma grande diferença – mas esses resultados ainda demorarão algum tempo para aparecer.

Os empresários se queixam da dificuldade de encontrar profissionais bem qualificados. O desemprego é pequeno. Brasileiros capacitados profissionalmente podem ganhar até 3,6 vezes mais do que os formados nas universidades, uma variação não encontrável em qualquer país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

 

Universidades e governos estrangeiros estão animados com a possibilidade de ensinar alunos brasileiros. Os Estados Unidos já aceitaram levar 20.000, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália terão entre 6.000 e 10.000 cada, enquanto os países retardatários disputam entre si para atrair os demais. Os brasileiros vão pagar mensalidades sem desconto. E os países de acolhimento vislumbram retorno de longo prazo, com a formalização de contatos que sejam lucrativos em ambos os lados, tanto nos negócios, como na própria área de educação.

“A escala e a velocidade deste programa não têm precedentes”, diz Allan Goodman, do Instituto de Educação Internacional, um grupo sem fins lucrativos que gerencia o programa para universidades americanas. O instituto está organizando estágios de três meses em indústrias para todos os visitantes brasileiros que receberá. A Universidade de Edimburgo espera que os primeiros alunos bolsistas brasileiros cheguem em setembro, e já tem conexões com a Petrobras, a estatal brasileira de petróleo, ao mesmo tempo em que está abrindo um escritório São Paulo, terceira cidade a receber uma filial, depois de Pequim e Mumbai, com a expectativa de aproveitar a oportunidade para receber um número crescente de alunos.

Até agora, poucos brasileiros estudaram no exterior. Os Estados Unidos, até o ano passado, eram o destino mais procurado ainda, com apenas 9.000 brasileiros em seus campi, excluindo os que foram estudar apenas a língua. Os contingentes chineses e indianos juntos chegaram a 260.000. Os brasileiros que têm diplomas estrangeiros exerceram uma influência desproporcional quando voltaram para casa. Na década de 1960 e 1970, o governo pagou por doutores no exterior na exploração de petróleo, pesquisa agrícola e design de aeronaves. O Brasil é hoje líder mundial em todos os três campos.”

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