Ex-senador Aníbal diz que, com João Pedro, índíos agora têm um amigo na Funai

Ex-senador João Pedro (PT-AM): novo desafioEm artigo para o site da Liderança do PT no Senado, o ex-senador Aníbal Diniz descreve suas impressões ao acolhimento que a nomeação do novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Pedro, recebeu dos que trabalham diretamente com a causa indígena

Um amigo na Funai – Aníbal Diniz

Acompanhei com muita alegria a posse do companheiro João Pedro, do PT do Amazonas, para a presidência da Fundação Nacional do índio – FUNAI, ocorrida na manhã da última quarta-feira numa concorrida solenidade no auditório do Ministério da Justiça.  João Pedro, que é engenheiro agrônomo e tem no currículo uma história de militância firme em defesa dos direitos dos trabalhadores das cidades, das beiras dos rios e das florestas, e das populações indígenas da Amazônia e de todas as regiões do Brasil, foi vereador e deputado estadual pelo PT antes de assumir por cinco anos a cadeira de senador da República pelo Estado do Amazonas. Foi na condição de senador pelo PT do Acre que tive a oportunidade de conviver mais de perto com esse valoroso companheiro, a quem desejo pleno sucesso na nova missão e oro a Deus para que todo seu entusiasmo e desejo de implementar políticas públicas em favor dos povos indígenas sejam compensados com uma bela colheita de bons resultados.

Senti o tamanho da preocupação do senador João Pedro com a causa indígena quando atuei como uma espécie de “amigo da onça” apresentando toda sorte de complicações que o cargo lhe traria na vã tentativa de lhe dissuadir de aceitar a missão.  Tenho que confessar que, de certa forma, advoguei em causa própria, uma vez que João Pedro até a última quarta-feira era a principal figura de referência da assessoria da Liderança do Governo no Congresso Nacional e, com a sua saída, teremos que aprender a dar conta das tarefas sem o olhar atento de quem já atuava há três anos nessa função. Não tive ainda a oportunidade de conversar a respeito, mas tenho certeza de que o líder do Governo no Congresso, o senador José Pimentel (PT-CE), também gostaria de continuar contando com a presença do companheiro João Pedro na equipe, até porque o índice de aprovação das matérias de interesse do Governo no Congresso Nacional, sob a regência do maestro Pimentel, tem sido praticamente de 100% nos últimos cinco anos.

Trato desse assunto no artigo de hoje porque o Estado do Acre tem total interesse na política indigenista nacional em razão de abrigar em seu território 16 etnias diferentes, entre as quais pelo menos duas tribos isoladas. E por falar em tribos isoladas, fiquei feliz também pela qualidade da conversa mantida entre o novo presidente da Funai e o indigenista José Meireles, sertanista da Funai e integrante da equipe de assessoramento indígena do Governo do Acre.  Ouvi o João Pedro assumir com o Meireles o compromisso que, de agora em diante, para tratar de assuntos atinentes ao seu trabalho, o Meireles não precisa marcar audiência. “Você não precisa de agenda para vir ao gabinete da presidência da Funai. As portas vão estar abertas”,  afirmou João Pedro.

Atuei como interlocutor nessa conversa porque senti a importância de João Pedro, antes mesmo de assumir a presidência do órgão máximo dos índios do Brasil, ouvir o experiente indigenista Meireles sobre o difícil trabalho que ele tem desenvolvido para manter sob proteção os índios isolados do Alto Rio Envira, que vem acompanhando com muito sacrifício pessoal há vários anos. E o interessante é que o Meireles, mesmo depois de ter levado uma flechada no rosto atirada por um índio brabo, não desistiu de sua missão de protegê-los. Trago na lembrança que, depois de ter sido atingido pela flecha e resgatado de forma cinematográfica por um helicóptero conseguido junto à base militar de Porto Velho porque o Governo do Acre à época ainda não havia comprado o seu helicóptero comandante João Donato, eu e o então governador Binho Marques fomos visitá-lo no hospital e, depois de constatarmos que ele estava fora de perigo, ouvimos ele mesmo falar com orgulho que o fato de ter sido atingido por uma flecha lhe deixava feliz por saber que estava fazendo o seu trabalho da forma correta. O seu raciocínio era no sentido de que, se os índios tivessem se tornado dóceis, domesticados, não seriam mais índios arredios, isolados, e isso seria uma prova de que ele teria falhado em sua missão.

O fato é que o desafio é grande, os problemas são muitos, e o presidente da Funai tem que ter espírito de estadista. João Pedro é homem do diálogo, sabe da importância de ouvir todos os lados para firmar uma posição, fez um discurso inicial conclamando todos os servidores para juntos construírem uma agenda positiva para o órgão e reverenciou pessoas que dedicaram suas vidas à causa indígena, como os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Boas e o próprio marechal Cândido Rondon, cujo trabalho pioneiro foi positivamente mencionado.  João Pedro é da política e sabe que o diálogo continua sendo a matéria-prima por excelência para garantir o maior número de acerto nas tomadas de decisão. O Ministro José Eduardo Cardozo, que fez um discurso firme externando sua confiança no novo presidente, foi feliz ao lhe conferir poder para definir sua equipe, planejar as ações e buscar as melhores estratégias para implementá-las.

Boa sorte, João Pedro! Votos de que você continue sendo um bom amigo dos índios do Brasil!

Aníbal Diniz, 52, jornalista, graduado em História pela UFAC, foi diretor de jornalismo da TV Gazeta (1990 – 1992) assessor da Prefeitura de Rio Branco na gestão Jorge Viana (1993 – 1996), assessor e secretário de comunicação nos governos Jorge e Binho (1999 – 2010) e senador pelo PT- Acre (Dez/2010 – Jan/2015), atual assessor da Liderança do Governo no Congresso Nacional.

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