Explicações de Coutinho refutam alegações sobre porto cubano

O presidente do BNDES fala em deturpação: financiamentos, na verdade, viabilizam a atuação de empresas brasileiras no exterior


Luciano Coutinho argumenta que recursos
para projetos no exterior, na verdade,
financiam brasileiro exportador de serviços

Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na manhã desta terça-feira (25), o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), Luciano Coutinho, esvaziou o discurso da oposição de que o banco estaria financiando obras em outros países, como Cuba e Angola, em detrimento a projetos no Brasil. “Há uma deturpação nas informações. Não estamos efetuando operações de crédito do BNDES a um estado soberano ou a um projeto em outro país. Estamos financiando o exportador de serviços brasileiro, de engenharia, que executa um serviço em outro país”, explicou.

Segundo Luciano Coutinho, essas operações geram empregos no Brasil por conta dos equipamentos adquiridos, que são levados para outro país. Além disso, oferecem um risco baixíssimo e resultam no retorno de divisas em moeda forte. Quando uma empresa brasileira ganhou o contrato para construir um porto em Cuba, por exemplo, o Brasil começou a exportar serviços de engenharia. E essa área de serviços conta com olhar especial do BNDES, tanto que essa carteira corresponde a R$ 19,2 bilhões.

“Finalmente gostaria de esclarecer uma coisa simples que a imprensa tem ignorado e publicado repetidamente, de que a operação foi feita com recursos subsidiados. Não é verdade. As operações foram feitas ao custo do mercado e não pela TJLP”, explicou. O presidente do BNDES lembrou que grande parte das operações na América Latina é feita no âmbito do convênio existente entre bancos centrais, o que assegura o pagamento. A inadimplência nessa linha é de 0,05%, mas ainda assim isso serve de argumentos para a oposição.

Os senadores petistas José Pimentel (CE), Eduardo Suplicy (SP) e Jorge Viana (AC) fizeram questionamentos a Coutinho. Pimentel quis saber qual efeito prático, na economia, da redução da nota de risco do País dado pela Standard&Poors; Suplicy perguntou sobre os investimentos do BNDES em projetos ambientalmente sustentáveis. Jorge Viana observou como a imprensa e a oposição, no caso do Porto de Muriel, se comportam diante de uma notícia que já foi desmentida várias vezes, ou seja, o BNDES emprestou recursos em reais para a empresa que venceu a disputa para construir o porto em Cuba.

Luciano não citou nominalmente o nome da classificadora de risco, mas disse a Pimentel que o mercado já vinha precificando essa redução de nota. Precificar quer dizer que o impacto foi diluído, tanto é que a bolsa de valores continua subindo e a taxa de câmbio recuou. “Eu quero dizer que tenho total confiança da política fiscal brasileira, que no futuro mostrará sua consistência. Os resultados demonstrarão a situação do controle do endividamento e a manutenção das condições saudáveis para atrair investimentos”, afirmou.

Sobre os investimentos ambientalmente sustentáveis, o presidente do BNDES elencou vários projetos que têm linhas de crédito disponíveis, seja na área de energia limpa, como a eólica, solar e pequenas centrais hidrelétricas, como na área de agricultura, com o sequestro de carbono em projetos de recuperação de áreas ambientais.

Jorge Viana disse que é estranho perceber como há uma onda oportunista de criar descrédito com o Brasil. “Isso é um caminho ruim. Desconfia primeiro, desconfia depois, para depois diminuir a desconfiança. Mas de maneira pedagógica o BNDES mostrou que o Brasil não financia empregos no exterior”, afirmou. Segundo ele, o banco está reforçando a exportação de serviços e obras de empresas brasileiras que querem atuar no exterior e isso a oposição e a mídia não enxergam.

Confira a apresentação do presidente do BNDES na CAE, Luciano Coutinho

 

Marcello Antunes

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