Senador deve desculpas

Gleisi: Aécio está provando do veneno que destilou

“O que mais me impressiona é que o Senador Aécio foi quem mais ocupou esta tribuna para acusar o PT de organização criminosa, acusar Lula de chefe de quadrilha, a dizer que o PT tinha que ser exterminado
Gleisi: Aécio está provando do veneno que destilou

Reincorporado ao Senado por decisão do Supremo Tribunal federal, Aécio Neves ressurgiu no plenário da Casa, na última terça-feira (4), possuído por um tardio apego às garantias constitucionais à presunção da inocência e ao devido processo legal. Com a voz empostada, manifestou “tristeza e indignação com a injustiça” de que se acredita vítima. “Vossa Excelência está provando do veneno que destilou”, devolveu a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT).

Apesar da blindagem montada pela Mesa do Senado em torno da fala de Aécio —a sessão ficou suspensa até que ele chegasse para o pronunciamento e a Ordem do Dia foi aberta logo após o encerramento do discurso do tucano, que decidiu não conceder apartes — Gleisi fez questão de usar a palavra para chamar o tucano à responsabilidade. “O que mais me impressiona é que o Senador Aécio foi quem mais ocupou esta tribuna, com o dedo em riste, para acusar o PT de organização criminosa, acusar Lula de chefe de quadrilha, a dizer que o PT tinha que ser exterminado para resolver os problemas do País”.

Gleisi ressaltou que o PT não fará pré-julgamentos e respeitará os direitos constitucionais de Aécio ou de qualquer outro adversário que se veja enredado em denúncias, reconhecendo o direito de defesa que agora é cobrado pelo tucano. “Mas, quando ele fez isso com o PT, ele não falava do devido processo legal, não falava de presunção de inocência, e utilizava, sim, as falas da Polícia Federal e desses mesmos procuradores que hoje o incriminam, da Procuradoria-Geral, que hoje o incrimina, para agredir o Partido dos Trabalhadores”, comparou a senadora.

O PT, garantiu ela, não vai jogar a Constituição no lixo para fazer disputa política, como fizeram tucanos e seus aliados. “Não tenho nenhuma acusação a fazer, Senador Aécio, porque isso tudo é responsabilidade da Justiça.

[blockquote align=”none” author=”Gleisi Hoffmann, presidenta Nacional do PT”]Aécio tem que pedir desculpas ao Partido dos Trabalhadores, à nossa militância, a Lula, a Dilma[/blockquote]

Tem que pedir desculpas”
A Bancada do PT se retirou do plenário durante a fala do tucano, já que ele havia anunciado que não concederia apartes. “Não temos nada a ouvir dele, a não ser que viesse aqui pedir desculpas ao Partido dos Trabalhadores, à militância do PT, a Lula, a Vaccari, a Dilma. Aí, ele estaria demonstrando responsabilidade que tanto ele invocou desta tribuna”.

A referência a João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, foi uma estocada especialmente contundente: em 21 de setembro de 2015, após o petista ser condenado por Sérgio Moro com base em delações, Aécio subiu à tribuna para tripudiar o PT, a quem acusou de “roubar a alma dos brasileiros” e a “oportunidade de os brasileiros poderem ter escolhido com mais liberdade o seu destino.”, repetindo palavras do juiz da Lava Jato.

“Senador Aécio, Vaccari foi absolvido dessa condenação agora, no dia 27 de junho de 2017, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. E foi absolvido por falta de provas, porque só tinha delação”, devolveu Gleisi em seu discurso de ontem.

Diferença de tratamento
Também nessa terça-feira, o ex-presidente Lula entrou com uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público contra o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima. Esta é a terceira medida movida por Lula contra Santos Lima, que atua na Operação Lava Jato. “Esse procurador faz uma militância política explícita, tal qual o procurador Deltan Dallagnol”, lembrou Gleisi Hoffmann (PR), citando as postagens do servidor nas redes sociais, entrevistas e palestras onde opina sobre processos dos quais é partícipe.

“É sobre isto que nós estamos falando: a diferença de tratamento. Temos dois pesos e duas medidas. Dependendo de quem é a pessoa objeto de um inquérito ou de uma denúncia, o Poder Judiciário se comporta de uma forma, se é de um determinado partido, de uma determinada classe social. É isso que nós não podemos aceitar, porque isso atenta contra a democracia e contra o Estado democrático de direito”, afirmou.

 

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