Gleisi e Humberto rebatem tucano e apontam moralismo por conveniência do PSDB

Gleisi e Humberto rebatem tucano e apontam moralismo por conveniência do PSDB

O PSDB carece de autoridade política para falar de nosso governo, diz Humberto; Gleisi: tucanos têm telhado de vidro, basta olhar o governo de Beto Richa no Paraná. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) ficou extremamente incomodado com a carta pública assinada pelos senadores da bancada do PT no Senado em apoio ao presidente Lula que tem sido, dia sim, dia não, atacado pelas correntes políticas que continuam atrasadas, não engoliram a vitória da presidenta Dilma Rousseff e tentam caminhar para frente olhando para trás. Na tarde desta quarta-feira (24), o senador achou que a tribuna e o plenário do Senado continuariam a ser um palco isolado para repetir dezenas de vezes que a economia vai mal, que o País está à beira de um abismo como se fosse verdade. Mas acabou sendo obrigado a travar um debate com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), com os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Donizeti Nogueira (PT-TO), que mostraram, claramente, como os tucanos ficam incomodados quando falam de Lula para 2018.

Enquanto os tucanos se atentam para o PT e a carta dos senadores em apoio a Lula, esquecem de olhar para o próprio umbigo, porque continuam em silêncio e sequer deram uma mísera palavra de respeito à senadora Lúcia Vânia (GO) que abandonou o PSDB por não concordar com a política do ódio alimentada pelo partido. Também não deram uma palavra sobre a inédita declaração de que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pode seguir o mesmo caminho da senadora goiana, se seu nome não for levado a sério pela atual direção do partido – pelo menos foi esta a declaração nos jornais no último final de semana, sem qualquer desmentido -, sendo que Lula, Dilma e o PT formam a razão de ser do partido e da oposição.

Aloysio foi auxiliado nos ataques ao PT, a Lula e a Dilma pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves. Até então, a senadora Gleisi estava sozinha no plenário e pediu um aparte, para lembrar que o PSDB faz críticas ao governo mas não faz uma autoavaliação do que é a realidade do governo tucano de Beto Richa no Paraná. “São críticas pesadas a Dilma, mas ela não mexeu nos direitos dos trabalhadores, a inflação está sob controle e nem de perto se compara às crises, ao governo tucano que devia ao FMI, as taxas de juros eram elevadas. O jornal Valor Econômico traz avaliação de que investidores internacionais de que o País têm credibilidade. A gente não tem telhado de vidro”, afirmou.

Gleisi acrescentou que não foi a presidenta Dilma quem soltou os cachorros contra os professores, não foi Dilma que soltou bomba contra os servidores públicos e trabalhadores paranaenses; não foi a presidenta Dilma que elevou o IPVA e o ICMS em 50%, que mexeu, inclusive, no orçamento fechado, não do exercício presente, mas do passado. “Se a oposição vai criticar, antes precisa fazer a lição de casa”, cobrou, pedindo para que Aécio faça uma visita também ao Paraná.

O senador Aécio Neves, incomodado, e em tom irônico, disse que era Gleisi quem não poderia falar da gestão de Beto Richa. Disse ele: “Acredito que, pela votação que teve, não é a porta-voz mais adequada para falar em nome do povo do Paraná. Falam aqueles que tiveram votos e eu me incluo neles”. Gleisi não titubeou e fez Aécio recordar que ele perdeu as eleições duplamente em Minas Gerais, para o candidato do PT ao governo e também para Dilma. Ao defender Lula, Gleisi falou outra coisa que incomoda os tucanos. “Sabe o que me parece? Parece-me que é medo das eleições de 2018, que se vocês não tomarem uma atitude o presidente Lula voltará e será presidente do Brasil”, afirmou Gleisi, chamando os tucanos a discutir política, a debater o projeto de País. “A bancada do PT no Senado tem e teve o direito de fazer uma nota em defesa de Lula”.

Quando o líder Humberto Costa chegou ao plenário, Aécio saiu, mas o petista também pediu um aparte ao senador Aloysio Nunes. “Há um cerco a um ex-presidente jamais visto no País, um cerco da oposição. Hoje é fácil fazer oposição. Na época que éramos oposição tínhamos que ir atrás dos temas, pesquisa. Hoje a oposição é pautada pela mídia, que solta uma informação sem comprovação ou algo que não corresponde com a realidade e a oposição faz o seu carnaval”, disse o líder.

Humberto disse que, obviamente, o clima é muito mais artificial do que a realidade. Olhando para Aloysio, o líder disse que ele sabe que não é verdadeira a afirmação de que a situação do Brasil é caótica como a oposição fica repetindo. “Temos amplas condições de superar esse momento, porque estamos adotando as medidas corretas. E se vocês tivessem ganhado as eleições, tomariam decisões, por isso que no fundo quem apoia o quanto pior melhor carece de autoridade política para fazer críticas ao nosso governo”, enfatizou.

O líder lembrou que os tucanos ficam falando que há problemas no Fies, que há problemas no programa Minha Casa Minha Vida, e em outros programas que sequer existiam no governo do PSDB. “Falta autoridade para fazer essas críticas e hoje a oposição não tem coragem de reconhecer as medidas e ficam o tempo inteiro falando de conquistas do nosso governo, porque no de vocês esses programas não foram pensados”, cutucou.

O senador Donizeti Nogueira (PT-TO) também entrou no debate e citou um artigo do cientista político Marcos Coimbra que fez uma comparação entre os dois janeiros do início do segundo mandato, de FHC e de Dilma. No início do segundo mandato de FHC, o que os tucanos esquecem, a inflação estava acima de 20% e tudo foi feito para ele vencer as eleições. “Os fundamentos da economia hoje são muito melhores do que janeiro de FHC no segundo mandato. Não pode tampar o sol com a peneira. O debate é bom e preciso, mas não só pautar pelo que sai na revista Veja, Época e no Jornal Nacional. Eu não preciso dos jornais para mentir sozinho”, criticou, acrescentando que há muita maldade, distorção.

Marcello Antunes

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