Globo se desculpa por mentira; Estadão manipula para proteger FHC

Globo se desculpa por mentira; Estadão manipula para proteger FHC

Antes mesmo de sua aprovação pelo Senado completar uma semana, com o apoio unânime da bancada do PT, o projeto do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que institui o direito de resposta, já surte efeito nas empresas do oligopólio de mídia que controla a produção e distribuição de informação no Brasil.
A prova contundente da mudança é o desmentido publicado na primeira página do O Globo deste domingo (8), corrigindo a falsa informação divulgada na estreia da coluna de Lauro Jardim no jornal, em 11 de outubro passado, quando divulgou que o lobista João Fernando Nelo, o Fernando Baiano, havia citado Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em suas delações. 

O reconhecimento à falsa informação ocupou um espaço muito menor do que a da manchete principal preenchida pela mentira  do colunista, mas, mesmo não respeitando a proporcionalidade, entra para a história como primeira prova de que os jornais e revistas não poderão mais fazer uso dos ardis e manipulações vigentes antes do direito de resposta.  

Com o envergonhado título de primeira página, “O Globo errou”, o jornal laconicamente desdiz o que havia afirmado em letras garrafais da sua manchete principal, informando que o erro se deu porque o colunista fiou-se em uma informação supostamente dita por uma terceira pessoa – e que deixou de cumprir uma regra básica do jornalismo, a de confirmar sua veracidade. 

A manchete principal do O Globo dizia Baiano diz que pagou contas do filho de Lula (veja na imagem abaixo), mas é mentirosa, não um mero “erro” como argumenta em sua retratação. 

Várias razões são relacionadas para o desmentido ocorresse, aponta o site Diário do Centro do Mundo, criado pelo ex-diretor de revistas do Grupo Globo, Paulo Nogueira. Entre elas, está a de que, a contratação de Lauro Jardim repetiu estratégia anterior do grupo – a de contratar jornalistas para silenciá-los. Jardim, diz o Diário do Centro do Mundo, foi contratado para que cessassem as informações sobre a queda de audiência da TV Globo que ele vinha divulgando por meio da coluna “Radar”, da notória revista Veja.

Detalhe: a revista parou de publicar as notas sobre audiência na principal emissora de tevê do Brasil. 

O desmentido também pode estar servindo como antídoto à ação judicial aberta pelos advogados do ex-presidente Lula, cobrando reparação pela falsa informação, mas não neutraliza o prejuízo provocado, pois a mentira foi repercutida por outros sites e jornais que hoje omitem a correção da primeira página do O Globo

interna materias globo estadoLivres para repercutir o que é mentira, os jornais do oligopólio de mídia continuarão a divulgar e a manipular criminosamente as informações referentes ao governo Dilma, ao ex-presidente Lula e ao PT. 

Uma prova desse antijornalismo, inexistente em países desenvolvidos que as empresas controladoras dos jornais dizem pretender para o Brasil, é o mau caráter que predominou na edição da página 6 da edição do O Estado de S.Paulo deste sábado (7). Duas reportagens sobre o mesmo assunto receberam tratamento completamente diferente, da escolha da foto aos dizeres do título. Numa, ocupando o alto da página, com foto constrangedora, está o ex-presidente Lula, em Lula recebeu quase R$ 4 milhões da Odebrecht, diz PF; noutra, em foto confortável, antecipando suas justificativas, está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, igualmente beneficiado com doações da Odebrecht, no título Empreiteira doou R$ 975 mil a Instituto FHC, aponta laudo

No caso de Lula, ao pé da letra, não foi seu instituto, mas ele próprio que recebeu o dinheiro – e logo de uma das empresas arroladas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. No caso de FHC, o tratamento é outro. Não foi ele, mas seu instituto que recebeu o dinheiro. A empreiteira doadora é a mesma Odebrecht e o laudo sem identificação é da mesma PF, em ação da mesma Polícia Federal – mas nada disso é explicitado no título. 

Não faltam teses para explicar que o estado pré-falimentar em que se encontram quase todas as grandes empresas de comunicação do Brasil deve-se, também, à péssima qualidade do produto que oferecem ao público.

Para manter esse padrão de qualidade, bons jornalistas são substituídos por profissionais sem qualquer credibilidade e qualidade profissional que não resiste ao menor desafio. Mas essa estratégia – somada às demissões em massa nas redações – muitas vezes precisa ser corrigida, para evitar a desmoralização completa. 

Um exemplo dessa correção de rota aconteceu nessa sexta-feira (6), com a demissão de Joice Hasselmann da “TV Veja”. A apresentadora havia sido contratada pela revista, apesar das dezenas de denúncias que pesavam contra ela em seu estado de origem o Paraná, mas veracidade e credibilidade deixaram há muitos anos de serem parâmetros para a Editora Abril.

A apresentadora, agora sem emprego, teve seu momento de glória durante a entrevista do escritor cubano, Leonardo Padura, no programa “Roda Viva”!, da TV Cultura de São Paulo. Na sua infeliz participação, ela descreveu-se “horrorizada” com a miséria que havia visto em Cuba, ao que Padura respondeu que havia mais miséria em uma quadra da avenida Paulista do que em todo o seu país. 

A luta de Lula na Justiça contra mentiras começa a surtir efeitoO SIGNIFICADO DA INÉDITA CORREÇÃO DO GLOBO NA 1.A PÁGINA

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