Humberto: Senado não pode se curvar à lógica das elites, que usam a democracia só quando convém

Humberto: Senado não pode se curvar à lógica das elites, que usam a democracia só quando convém

Humberto: Se vencer o impeachment, será vitória de Pirro, pois o povo não aceita mais a senzalaOs patrocinadores do golpe parlamentar em curso no País — os derrotados pelo projeto popular em quatro eleições presidenciais seguidas — pensam que a democracia existe para servi-los. “Se a democracia não os serve, eles não querem mais a democracia”, apontou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). O Senado, porém, não pode se curvar a essa lógica e agir como se fosse apenas a reunião de “verdadeiros cretinos parlamentares”, condenado Dilma por crimes que ela não cometeu. “Seria uma vergonha para cada um de nós, para o Parlamento brasileiro, para o País inteiro”, ressaltou.

 

Para os parlamentares que se irritam com o uso da expressão “golpe”, Humberto lembra que suscitar o conceito não é capricho, mas constatação — e partilhada por um universo bem mais amplo do que a bancada de senadores legalistas que resistem à quartelada à moda do Século 21: “É o mundo inteiro, é a opinião pública mundial, são os grandes órgãos da imprensa do mundo”.

A farsa do impeachment exige, porém, que se reconheça alguns aspectos, pouco abordados, mas que também estão por trás dessa decisão de querer afastar a presidenta. “O Congresso Nacional, na verdade, nunca engoliu a Presidenta Dilma. Não aceitava o seu modo de lidar com a rotina parlamentar, não aceitava a sua falta de gosto de fazer a corte àqueles que ficam encantados com os corredores e os gabinetes do Palácio do Planalto, tinha pouco tato para negociar cargos e emendas em troca de apoio político”, avalia o senador.

“Ela tem uma forma diferente, é menos flexível. Como disse um ex-ministro dela, ela não gosta de rodar o bambolê”, prosseguiu Humberto. Daí a considerá-la criminosa é “uma verdadeira aberração”, ponderou. Além disso, é preciso levar em conta a sabotagem pesada urdida pelos descontentes com as derrotas eleitorais e sua associação com os que queriam deter as investigações dos casos de corrupção.

“Patrocinaram movimentos organizados com dinheiro dos partidos e de empresários para desestabilizar o Governo Dilma. Iludiram milhares de pessoas, que foram às ruas atrás de patos amarelos, que agora estão com sorrisos amarelos nas suas faces. Mas é isso o que é a elite brasileira, que está muito bem representada por aqueles que foram derrotados quatro vezes nas últimas eleições”, afirmou o senador.

Ele defendeu que o Senado respeite a Constituição e se negue a aprovar um impeachment sem crime de responsabilidade, um impeachment que vai “entregar o Brasil a um usurpador”. Sem fazer previsões, Humberto manifestou esperanças de que o grupo legalista consiga reunir os 28 votos para barrar o golpe. “Mas podemos perder” e, neste caso, os adversários terão uma Pirro, porque, “em breve, o povo brasileiro vai falar de novo e vai dizer muito claramente que não aceita que essa elite brasileira continue a fazer do nosso povo os habitantes da senzala e ela própria a viver nababescamente”.

 

Cyntia Campos

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