Incentivos devem ser revertidos em empregos, alerta Dilma

As medidas de estímulo às empresas, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a desoneração da folha da folha salarial devem ser acompanhadas de contrapartidas por parte dos empregadores, alertou a presidenta Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (27/07). “O governo reduz o IPI, desonera a folha, mas as empresas se comprometem a não demitir”, afirmou em Londres, pouco antes de almoçar com os atletas brasileiros que participam das Olimpíadas.

“Quando foram pedir socorro ao governo, os pátios das montadoras estavam repletos de veículos. Para reativar a economia, o governo aumentou o crédito, baixou os juros e reduziu o IPI. Os preços dos veículos caíram e as vendas aumentaram”, lembrou a presidenta. As medidas citadas por Dilma contribuíram para um crescimento de 22,8% nos financiamentos de veículos e indicam uma recuperação do setor automotivo até o fim deste ano.

“Damos incentivos fiscais e financeiros e queremos retorno para o País inteiro, que é a manutenção do emprego”, enfatizou a presidenta, lembrando que esse “é o único motivo” para a manutenção das medidas. A possibilidade de o governo suspender a redução do IPI dos automóveis, caso haja demissões nas montadoras, foi o tem a dominante na entrevista da presidenta à imprensa brasileira, antes do almoço com os atletas.

Demissões na contramão

A posição sinalizada nesta sexta pela presidenta já havia sido defendida pelo senador Walter Pinheiro, líder do PT no Senado, em artigo publicado pelo jornal O Globo, no dia 9 de julho. Na ocasião, ele destacava a necessidade de que os empresários também fizessem sua parte, somando-se ao esforço do governo para manter o ritmo da economia.

“O governo tem se esforçado para conceder isenções fiscais destinadas a reaquecer a economia e manter o Brasil distante de crise financeira internacional”, afirmava Pinheiro. “Os empresários que tanto cresceram sob os governos Lula e Dilma não parecem ter entendido que o governo renunciou a recursos previstos para colocá-los a serviço do desenvolvimento dos seus negócios. Quando as empresas reduzem contratações ou demitem funcionários estão indo na contramão da política de incentivo ao consumo”.

Pinheiro também destacava que o financiamento do consumo requer um esforço fiscal do governo, especialmente neste momento delicado, “quando faltam recursos para setores fundamentais como a educação e a saúde”, lembrando a dificuldade do executivo em atender, por exemplo, as reivindicações dos docentes das instituições federais de ensino.

O senador também alertava que, para os empresários, as demissões equivaliam a “um tiro no pé: cada emprego a menos significa menos salários pagos e menos dinheiro circulando no mercado, ou seja, menos consumo, menos produção e o caminho aberto para a crise econômica”.

Reação do executivo

O Executivo já reage ao o anúncio de um plano de demissões na fábrica de São José dos Campos da General Motors, montadora que planeja suspender a linha de produção de dois modelos “defasados”. A empresa foi chamada a dar explicações no Ministério da Fazenda e deverá apresentar justificativas também ao Ministério do Trabalho, numa reunião marcada para 4 de agosto.

O governo quer que a GM explique as razões para fechar a unidade, que emprega 2 mil trabalhadores. A empresa tem alegado que não feriu o compromisso, já que se comprometeu a manter o nível de emprego. Segundo a GM, isso vem ocorrendo nas unidades de São Caetano (SP); Gravataí (RS) e de Joinville (SC).

Para o sindicato dos trabalhadores da categoria, o governo tem que endurecer, sim, porque a decisão da GM confirma o interesse de acabar com a unidade de São José dos Campos, que recebeu inúmeros incentivos governamentais para ser instalada. 

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