Investimentos contribuem para superação da crise europeia

Embora representantes de alguns países da Zona do Euro mostrem contrariedade à cobrança dos países em desenvolvimento por menos protecionismo, maior abertura econômica e investimentos como forma de superação da forte crise econômica, a reunião do G-20 que acontece na cidade de Los Cabos, no México, reafirmará na tarde desta terça-feira (19/06) na Declaração de Los Cabos pelos Chefes de Estado o compromisso de resgatar a confiança perdida. O Brasil faz sua parte ao sinalizar que fará mais um aporte ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de US$ 10 bilhões e, junto com os BRICS – bloco que reúne o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul – pretende criar um fundo de reserva cambial exatamente para oferecer segurança aos países desse bloco.

“Os BRICS estão fortalecendo sua estrutura financeira. Esse fundo é importante para a confiança. Vamos criar uma solidariedade financeira entre nós. Portanto, seremos ainda mais seguros e mais fortes do que somos”, afirmou Guido Mantega, ministro da Fazenda.

Esse fundo de reserva cambial é inspirado no acordo de cooperação financeira de países asiáticos (Chiang Mai) e nos acordos de troca (swaps) de recursos que o banco central americano, o Federal Reserve, colocou em prática no auge da crise de 2008/2009. O Brasil participou desse acordo que teve por finalidade atuar como uma medida anticíclica, ou seja, para proteger o sistema financeiro brasileiro de um eventual contágio. A medida deu certo e já em 2010 o governo “desarmou” a operação que envolveu cerca de US$ 100 bilhões das reservas cambiais – hoje estão em quase US$ 400 bilhões. As reservas cambiais da China, por exemplo, estão próximas de US$ 4 trilhões, ou seja, uma segurança e tanto.

Mantega observou que os BRICS concordam em aumentar o valor de suas cotas no FMI, mas o organismo deve promover as mudanças em sua estrutura, para permitir que os países desse bloco sejam efetivamente reconhecidos pela contribuição que têm dado para as nações ricas superarem a crise.

No primeiro dia de reunião do G-20, os países da Zona do Euro mostraram contrariedade de ouvir recomendações dos países em desenvolvimento, mas concordaram que os investimentos e não apenas o corte de gastos, principalmente de benefícios sociais, podem reativar a economia e promover o desenvolvimento social. Essa observação foi feita pelo presidente mexicano Felipe Calderón e endossada pelo presidente dos Estados Unidos Barack Obama.

Cinco ameaças
O jornal El Economista (www.eleconomista.mx) traz em sua edição nesta terça-feira (19/06) alerta feito pelo primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron, a respeito dos cinco grandes fatores que ameaçam a economia global: 1) temor de contágio da crise financeira na Zona do Euro como fator principal de risco; 2) má administração da dívida soberana e sua gestão por parte dos países superendividados; 3) risco para a possibilidade de os países não conseguirem encontrar formas de crescimento econômico sustentável no médio e longo prazo;  4) O estabelecimento de barreiras comerciais protecionistas. Cameron fez referência crítica às políticas protecionistas adotadas pela Argentina e 5) maior regulação do sistema bancário e dos serviços financeiros, já que esse ponto está fortemente atrelado ao acordo de Basiléia 3.

“Estas cinco ameaças são reais e penso que deveríamos saber claramente que em uma economia global todos estão ameaçados”, disse ele ao jornal El Economista.

RIO+20
O Ministério da Fazenda, Guido Mantega e o ministro de Finanças do México, José Antônio Meade Kuribreña participam na próxima quinta-feira (21/06), durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) que reunirá ministros de Finanças do G-20, do painel “Economia verde inclusiva: o caminho para o desenvolvimento sustentável”. Mantega vai abordar o Estado como indutor da transformação econômica do ponto de vista sustentável.

Os demais ministros de finanças, nesse painel, apresentarão as estratégias adotadas em seus países para viabilizar a economia verde, entre as quais a influência que diretrizes de sustentabilidade no financiamento dos bancos públicos podem exercer na alteração do comportamento dos atores econômicos. Na pauta, os ministros vão debater a eliminação gradual dos subsídios considerados danosos ao meio ambiente e o potencial das políticas fiscal e industrial na promoção do desenvolvimento sustentável.

Nos painéis que serão realizados no Pavilhão 3 do Riocentro a partir das 15h30 de quinta-feira estão confirmadas a presença de José Angel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); Villy Sovndal, ministro de Relações Exteriores da Dinamarca; Sheikha Lubna-Qasimi, ministro de Comércio Exterior dos Emirados Árabes Unidos; Hernán Lorenzino, ministro de Economia e Finanças Públicas da Argentina; Bar Jae-Wan, ministro de Estratégia e Finanças da Coréia; Ngozi Okonjo-Iwela, ministro das Finanças da Nigéria; Luis Alberto Moreno, presidente do Banco de Desenvolvimento Interamericano; Supachai Panitchapakdi, secretário-geral da Unctad e os representantes dos ministros de Finanças da China e Japão

Com informações do Ministério da Fazenda e do jornal mexicano El Economista      

Fotos: Roberto Stuckert

Outras informações: 

Rio + 20 – Seminário Ministerial “Economia verde Inclusiva – A perspectiva dos ministros de Finanças”

Data: 21 de junho de 2012

Hora: 15h30 – 18h30

Endereço: Riocentro – Pavilhão 3, sala 4 , Avenida Salvador Allende, 6555 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil 

Confira a programação do Ministério da Fazenda na Rio+20 

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