Jorge Viana defende Lula de ataques

O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Mas, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, todos que me acompanham na TV Senado e na Rádio Senado, venho à tribuna da Casa, porque entendo que nesta semana algo de muito grave aconteceu e que merece um posicionamento de todos que tenham compromisso com a verdade, de todos que tenham compromisso com um país melhor; e todos que tenham um compromisso com a história do Brasil, penso que, no mínimo, devem fazer algum comentário.

Eu me refiro a um número enorme de reportagens que decorreram de uma manifestação irresponsável de um cidadão condenado pela Justiça, comprovadamente envolvido em mal feitos, não só no período do governo do PT, mas anterior – parece-me que ele criou um esquema profissional ainda no governo do PSDB, lamentavelmente um esquema profissionalizado. E não estou me referindo ao mensalão de Minas Gerais, estou falando de um esquema nacional de financiamento ilegal de partidos e de campanha eleitoral, que, depois, foi, equivocadamente, mal copiado por partidos vinculados ao nosso projeto de governo. Isso é um fato. Temos que tirar lições disso. Temos que corrigir isso.

Esse processo, tido como mensalão, que faz referência ao período em que o Presidente Lula governou o Brasil, passou por uma ampla investigação; depois, foi parar no Ministério Público, instituição com a responsabilidade de oferecer denúncia ou de arquivar e, por fim, foi parar na mais alta Corte de Justiça do País, em que o julgamento está na fase final.

Passado esse período, não conheço processos que tenham merecido tanta atenção das instituições como esse. Não estou, aqui, pondo defeito nisso, mas salta aos olhos o cuidado, a celeridade, o calendário estabelecido no trato desse tema. Passado esse período, as sentenças sendo dadas, julgamento concluído, pessoas condenadas, não sei por que cargas d’água, alguns agora tentam fazer um prosseguimento de algo que já está, pode-se dizer, prestes a transitar em julgado. E foi o que ocorreu nesta semana com denúncias feitas e com repercussão fora do comum, por conta de ilações de pseudo depoimento, que pessoas ligadas ao próprio Judiciário dizem que não tem nenhum fundamento, nenhuma fundamentação, e que é creditado ao Sr. Marcos Valério, que tem mais de 40 anos de condenação, e, com base nisso, tenta-se manchar, agredir, diminuir a figura do Presidente Lula.

A Presidenta Dilma fez uma fala firme, mesmo do exterior, onde normalmente os presidentes do País não se manifestam sobre temas internos, mas, tendo em vista, o absurdo, tendo em vista as agressões à família e ao Presidente Lula, a Presidenta Dilma se manifestou

dizendo lamentar, profundamente, essas tentativas. Ela não se referiu a esse cidadão. Ela falou de uma maneira mais ampla, porque não é o Sr. Marcos Valério que está tentando desmoralizar ou atingir o Presidente Lula. É uma orquestração, visível, que não começou ontem.

Todos nós acompanhamos já há algum tempo. Em 2005, quando essa crise veio, se fez um movimento nesse País, das oposições, tentando impedir a reeleição do Presidente Lula. E ele foi reeleito, com uma votação recorde. Fez um segundo mandato histórico. Um novo movimento foi feito tentando impedi-lo de fazer sua sucessora, ou fazer a sua sucessão. Mais uma vez, o respaldo popular veio e a Presidenta Dilma foi eleita e o Presidente Lula fez sua sucessora.

Passado esse período, começou um movimento tentando separar Dilma de Lula. Tentaram imputar a ele o que alguns tentaram chamar de herança maldita. Olha que herança maldita: crescimento econômico; redução do desmatamento; inclusão social de milhões de brasileiros; aumento real do salário-mínimo; pagamento das contas do FMI; o Brasil alcançando um papel de liderança diante do mundo; a autoestima do brasileiro elevada; inflação sob controle, mesmo em período de crise; geração de mais de 10 milhões de empregos, com carteira assinada.

Esse legado, para citar só esse… Luz para Todos. Eu podia passar aqui uma boa parte do meu discurso falando dos feitos do Governo do Presidente Lula. Tentaram transformar todo esse legado, histórico, numa herança maldita. Não conseguiram. Depois, começaram a tentar fazer o falso elogio à Presidenta Dilma, no sentido de fazer com que ela se distanciasse, como, aliás, é prática na política brasileira, usando um termo que normalmente se usa, de criatura e criador. Na política o exemplo que tem é que normalmente as criaturas se separam de seus criadores.

Não estou aqui diminuindo o papel da Presidenta Dilma, porque ela foi sujeita do processo do nosso Governo, liderou o PAC, foi fundamental para o sucesso do Governo do Presidente Lula

E esse legado é que a credenciou para ser a nossa candidata. E a perspectiva de continuidade foi que fez com que a Presidenta Dilma fosse eleita. E ela tem rompido como fez o Presidente Lula, uma lógica sempre merecedora de crítica, que é essa relação de infidelidade na política, porque a lógica da política brasileira é de infidelidade. E a Presidenta Dilma tem sido um exemplo de fidelidade, quando ela trata com respeito o Presidente Lula; quando ela estabelece um calendário de encontros mensais com ele. Mas alguns achando pouco a condenação de companheiros que têm uma história pela redemocratização, na construção da história do Partido dos Trabalhadores, que agora está na fase final de sentença pelo Supremo. E quem sou eu para fazer aqui um juízo ou um julgamento de um julgamento da principal Corte do País?

Mas vale ressaltar, não fosse o Presidente Lula, o democrata que é, o Estadista que é e que foi, será que outros, no lugar dele, fariam a composição do Ministério Público que ele fez? A composição dos tribunais superiores que ele fez? Com absoluta isenção e com atitudes absolutamente republicanas? Ninguém, nem outro Governo fez mais pela Polícia Federal do que o governo do Presidente Lula; do ponto de vista do número de policiais; do ponto de vista das condições de trabalho, das condições salariais, e por que o Presidente Lula fez tudo isso? Ele fez tudo isso para poder ter um País livre da corrupção.

O Presidente Lula tratou com respeito a nomeação de Ministros, a indicação de Chefe do Ministério Público. O Presidente Lula não titubeou, não fez como muitos que o antecederam, que, mesmo sem popularidade, compraram votos, mexeram na Constituição para poder ficar mais tempo no poder.

O Presidente Lula foi correto. Ele não usou da popularidade que só ele alcançou na história do País para fazer casuísmos. Mas nada disso satisfez e satisfaz a gana de alguns que não o aceitaram na Presidência, que não aceitam a biografia de um retirante nordestino fazendo o governo de sucesso que fez.

fazendo o Governo de sucesso que fez. E, agora, nos deixam, diante de uma situação que é de pura perplexidade: não aceitam o Presidente Lula nem como ex-Presidente.

E eu queria dizer que não imaginava que os veículos de comunicação dessem tanta repercussão e tanta credibilidade às ilações de um condenado. Mas isso é o que foi feito. Três dias, todos os rádios, jornais e televisões reproduzindo, modificando até posições de Ministros do Supremo – o Ministro Joaquim Barbosa nunca disse que era, para fazer uma investigação, abrir uma investigação contra o Presidente Lula, nunca disse, e deturparam, inclusive, a posição do Presidente do Supremo, e fazem isso com desfaçatez.

Ele de costas, caminhando, e alguém pergunta: “Será que é possível investigar isso?”. “É, é possível” – essa resposta, de costas, vira uma solicitação de investigação contra o Presidente Lula. O erro de alguns é achar que a população não está vendo; o erro de alguns é achar que podem enganar a todos, ao mesmo tempo e o tempo inteiro.

Então, estou vindo aqui, na tribuna, Sr. Presidente, primeiro, para dizer que não conheço nenhum cidadão brasileiro, primeiro, que tenha a História de vida do Presidente Lula. Mas, segundo, que tenha tido a sua vida acompanhada tão de perto, fotografada, filmada, gravada, como tem sido a vida do Presidente Lula e de sua família – o tempo inteiro, a vida inteira. Questionado, o tempo inteiro, monitorado e, em muitas ocasiões, perseguido.

Esse cidadão fruto, inclusive, desse tipo de atitude e de ação tem uma vida absolutamente transparente. Fizeram algo que dá vergonha e que eles devem estar envergonhados, à noite, na hora que tentam dormir. Querem entrar, inclusive, na vida pessoal – coisa que nunca houve na República, nunca houve.

Tentaram fazer ilação sobre a vida pessoal, absolutamente pessoal. E nós sabemos que já tivemos todo tipo de Presidente e todo tipo de problema pessoal que foram sempre evitados,

como uma normativa, mas com o Presidente Lula, não! O Presidente Lula tem que ser exposto!

E eu estou vindo aqui – e está passando agora o Líder do PSDB, meu querido colega Alvaro Dias. E é bom que V. Exª esteja aqui, porque eu tenho de fazer referência ao Presidente Fernando Henrique Cardoso. Devo dizer que da mesma maneira com que repudio as agressões que o Presidente Lula vem recebendo, eu queria dizer também que não tem justificativa para que não se respeite a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Sou contra qualquer tentativa de se desrespeitar – e falei hoje com Aloysio Nunes. Conheço a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É um grande brasileiro, cumpriu a sua missão de Presidente. E, quando ele era Presidente e eu Governador, nas tentativas de questionarem a sua honestidade eu estava lá assinando documento separando o joio do trigo, separando os equívocos do seu governo da sua postura pessoal.

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