Michelle Bachelet vence com folga e volta à Presidência do Chile

Quatro anos depois de deixar o cargo, a socialista derrota os representantes da centro-direita. Ela também foi a primeira mulher a governar o país.

 

Michelle Bachelet vence com folga e volta à Presidência do Chile

Bachelet quer fazer uma reforma tributária,
para aumentar os impostos às empresas e
aos mais ricos (www.infolatin.com)

O anúncio foi feito às 18h55 da noite (19h55 de Brasília), quando o Servel (Serviço Eleitoral chileno) anunciou: 59% dos votos haviam sido apurados. Michele Bachelet estava eleita e vai governar o Chile pela segunda vez a partir do mês de março. Pela legislação chilena, os presidentes não têm direito a dois mandatos consecutivos e Bachetet deixou o governo nas mãos de seu opositor, Sebastiàn Piñera.

A socialista que também foi a primeira mulher a governar o país (entre 2006 e 2010) obteve quase 63% dos votos dos chilenos e derrotou a representante governista Evelyn Matthei, que foi ministra do Trabalho do atual governo de Sebastián Piñera e obteve 37,4% neste domingo (15).

Poucos minutos depois do resultado ser definido, o comando de campanha de Evelyn Matthei divulgou uma nota oficial em que a candidata reconhecia a derrota. “A cidadania manifestou sua escolha e decidiu pela candidatura da nossa adversária. Da nossa parte, nos resta felicitar a vencedora, desejar o melhor para ela durante a gestão e garantir àqueles que votaram pela nossa proposta, especialmente a classe média esforçada deste país, que, apesar do revés de hoje, estaremos lutando, durante os próximos quatro anos, pelas ideias que eles querem ver defendidas”.

Bachelet é a primeira figura política chilena a vencer duas eleições presidenciais e, com os novos quatro anos de mandato que terá pela frente, se tornará a presidente com mais tempo no cargo desde o retorno da democracia (em 1990).

A vitória de Bachelet é marcada também por uma alta taxa de abstenção, que tem sido regra nas eleições chilenas desde a instalação do sistema de voto facultativo. Neste domingo, a evasão eleitoral registrada foi de 60%.

Outra façanha de Bachelet foi alcançar o maior percentual da história das eleições chilenas, superando os 57,98% conseguidos por Eduardo Frei Ruiz-Tagle em 1994.

Sem maioria no Congresso
Apesar de ter conseguido maioria no Congresso, socialista não tem votos suficientes para fazer todas as mudanças que quer e terá que negociar com a oposição

O atual presidente Piñera telefonou a Bachelet para dizer que vai cooperar com ela durante os últimos três meses de seu mandato. Bachelet terá como maior o maior desafio implementar as reformas que prometeu – entre elas, a da Constituição, herdada da ditadura militar.

Apesar de ter conseguido maioria no Congresso, ela não tem votos suficientes para fazer todas as mudanças que quer e terá que negociar com a oposição. A atual Constituição (que só pode ser alterada com o apoio de dois terços dos legisladores) limita a atuação dos políticos e a ingerência do Estado na economia, que foi privatizada durante o regime militar de Augusto Pinochet.

Bachelet quer fazer uma reforma tributária, para aumentar os impostos às empresas e aos mais ricos, obtendo assim recursos para financiar as reformas sociais, entre elas a do sistema educacional. Estudantes do ensino médio e das universidades paralisaram o Chile com protestos em 2011 e 2012, exigindo educação gratuita e de qualidade para todos. As manifestações foram apoiadas por oito de cada dez chilenos.

No Chile, as universidades são todas pagas (inclusive as públicas) e quem não tem dinheiro para financiar os estudos pode pedir empréstimo, mas começa a carreira endividado. Existem escolas de ensino médio gratuitas, mas são de má qualidade porque o governo prefere subsidiar instituições privadas, para que possam cobrar mensalidades baratas e oferecer uma educação de alto nível à população de baixa renda. Os donos dos colégios nem sempre usam o dinheiro do Estado para esse fim.

Nas eleições legislativas, que coincidiram com o primeiro turno em novembro passado, Bachelet conquistou o apoio de 20 dos 38 senadores e de 57 dos 120 deputados federais. Com isso, ela pode aprovar a reforma tributária. Mas para fazer a reforma da educação, precisa de quatro sétimos dos votos (52) do Congresso (22 senadores e 69 deputados federais).

Com informações do Sul 21 e da Agência Brasil

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