Ministro da Defesa quer soft power e investimentos

Ministro da Defesa quer soft power e investimentos

Celso Amorim argumentou aos senadores que cooperação com vizinhos é elemento de dissuasão

Amorim mostrou que Brasil, entre os Brics,

está entre os que menos investe em defesa

O Brasil tem conquistado cada vez mais espaço internacional muito graças ao soft power, o poder brando, derivado da política, da cultura e da ideologia. Esse é o entendimento do ministro da Defesa, Celso Amorim. “Mas é preciso que essa postura seja reforçada com investimentos na capacidade de defesa do País”, afirmou o diplomata de formação, nesta quinta-feira, 25, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE).

“Acredito que o desempenho internacional que temos alcançado, calcado no soft power, será potencializado com o fortalecimento do chamado hard power”, avaliou. Amorim apresentou à CRE o plano de trabalho da pasta da Defesa. “Um país não pode delegar sua defesa a ninguém”, ponderou o ministro, lembrando que um princípio básico da defesa é a dissuasão de possíveis agressores. Para isso, é essencial contar com forças armadas equipadas e bem treinadas.

“Temos que ser capazes – para defender os nossos recursos, a nossa integridade territorial, a nossa população”, destacou o ministro. “Temos que ser capazes de demonstrar a quem quiser nos agredir ou impingir sobre os nossos recursos que teremos a capacidade de causar dano.” Segundo Amorim, o orçamento destinado à defesa tem crescido de maneira significativa, na última década: o total de custeio de investimento, em 2003, era de R$ 3,7 bilhões. Em 2013, a cifra alcançou os R$ 18,3 bilhões.

Para o ministro, porém, há duas formas de interpretar esses números. “Se considerarmos a série histórica, temos que comemorar o crescimento significativo dos recursos. Mas se compararmos o percentual do Produto Interno Bruto investido na defesa, em comparação com os demais países do Brics, ainda teremos muito que avançar”, avaliou. Em comparação com Rússia, Índia, China, e África doSul, o Brasil é dos que menos investe em defesa. A média do bloco é de 2,3% do PIB investidos no setor e o percentual que o Brasil aporta para a defesa é de 1,5%.

Amorim defende a postura adotada pelo Brasil no cenário internacional, que aposta na cooperação com outros países como principal elemento de dissuasão. “Quanto mais nós cooperamos com os nossos vizinhos, menor a chance de haver qualquer tipo de aventura”. O ministro destacou que o País precisa também investir em tecnologia e inovação, como um programa espacial, e no desenvolvimento de projetos. “Um país que está na linha de frente no mundo, da mesma maneira que tem um submarino nuclear, que tem uma capacidade de proteção de fronteiras, tem de ter também uma capacidade espacial para fins pacíficos.”

Amorim destacou que a tecnologia é fundamental não só para as estruturas clássicas de defesa — a capacidade de deter ameaças convencionais ao território, aos recursos e à soberania do País —, mas também para antecipar e se contrapor às novas formas de intervenção externa, como a espionagem eletrônica, por exemplo. O ministro adiantou que está em estudos a criação de um centro de defesa cibernético, em cooperação com os outros países do Brics, que deverá evoluir para um Comando de Defesa Cibernética.

Cyntia Campos

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