Na mídia: FMI elogia políticas monetária e macroprudencial do Brasil

Em relatório divulgado nesta segunda-feira (04), o Fundo Monetário Internacional elogiou a combinação das políticas monetária e macropudencial implementada pelo Brasil para enfrentar o período que se seguiu à crise financeira internacional, deflagrada em 2008. O documento “A interação entre as políticas monetária e macroprudencial” foi tema de uma reportagem no site do jornal Valor Econômico e destaca que a condução econômica no País “mostrou-se apropriada para atingir dois objetivos — a estabilidade de preços e a estabilidade financeira — com o uso dos dois instrumentos”.

Veja a íntegra da matéria do Valor:
A combinação da política monetária com as medidas macroprudenciais adotadas pelo Brasil no pós-crise mostrou-se apropriada para atingir dois objetivos — a estabilidade de preços e a estabilidade financeira — com o uso dos dois instrumentos, diz relatório do Fundo Monetário Internacional divulgado hoje.

Segundo o documento, o Brasil tem usado ativamente tanto a política monetária quanto medidas macroprudenciais e a experiência do país no período que se seguiu à turbulência na economia global, agravada pela quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, “ilustra bem a relação complementar entre as duas políticas”. Para o FMI, a política monetária teve como foco assegurar a estabilidade de preços, enquanto os instrumentos macroprudenciais foram utilizados para conter a potencial formação de riscos sistêmicos decorrentes do rápido crescimento do crédito.

“O mix de política foi efetivo em administrar a demanda agregada e as pressões inflacionárias, assim como em reduzir o ritmo de crescimento do crédito”, afirmam os economistas da instituição, num comentário referente ao período entre a primeira metade de 2010 e meados de 2011. A análise da experiência brasileira aparece num relatório de apoio a um documento do conselho do FMI intitulado “A interação entre as políticas monetária e macroprudencial”.

Na parte referente ao Brasil, os economistas do FMI dizem que o Banco Central brasileiro mudou as exigências de depósitos compulsórios dos bancos com frequência, “para administrar ciclos de crédito de um modo contracíclico”. O Brasil passou por um avanço muito forte do crédito desde 2004, quando o total de empréstimos e financiamentos era de apenas 24% do Produto Interno Bruto — em 2012, o número atingiu 51% do PIB. Essa expansão ajudou o crescimento e a inclusão financeira, mas o processo trouxe riscos, especialmente para as famílias. O nível de endividamento cresceu consideravelmente, assim como o nível de inadimplência.

Logo depois da eclosão da crise financeira global, o BC relaxou os compulsórios, para evitar uma contração de crédito no sistema financeiro. A partir de então, segundo o Fundo, o BC brasileiro usou níveis de depósitos compulsórios mais apertados como “limites de velocidade” para desacelerar o crescimento geral do crédito, junto com outras medidas mais focadas em empréstimos ao consumidor. Requerimentos de capital para novos empréstimos à pessoa física foram apertados em dezembro de 2010. O relatório lembra que as medidas foram focadas no financiamento de veículos, crédito com desconto em folha de pagamento e crédito pessoal. Em novembro de 2011, elas foram um pouco relaxadas. Nesse momento, a atividade econômica estava mais fraca.

Segundo o FMI, aumentos nos depósitos compulsórios mostraram-se efetivos, de modo temporário, em elevar os spreads bancários e reduzindo o ritmo  de crescimento do crédito. Cálculos recentes do FMI mostram que as respostas a um choque de 1% na média ponderada dos depósitos compulsórios sugerem uma desaceleração na expansão do crédito moderada, mas transitória. O documento mostra ainda que, depois da implementação das medidas de dezembro de 2010,  a taxa de expansão de empréstimos e financiamentos para pessoa física caíram 11 pontos percentuais, de 22% em dezembro de 2010 para 11% em dezembrode 2011. “E a proporção de financiamento de veículos com duração superior a 60 meses no total caiu cerca de 20 pontos percentuais”.

Para o Fundo, o Brasil usou a política monetária de modo contracíclico depois da crise. “Em resposta à inflação ascendente e ao ritmo rápido da recuperação da atividade econômica, o BC elevou a Selic em 2 pontos percentuais em 2010, o que foi seguido por um aumento de 1,75 ponto na primeira metade de 2011, chegando a uma alta cumulativa de 3,75 pontos. Mas, como a deterioração da economia global prejudicou a confiança e o comércio, contribuindo para uma forte desaceleração da atividade, a Selic foi reduzida com força recentemente, num total de 5,25 pontos percentuais”, diz o relatório.

Por fim, o documento do Fundo afirma que, no Brasil, como a recuperação rápida que se seguiu ao agravamento da crise, em setembro de 2008, ocorreu simultaneamente a expansão forte do crédito, especialmente para a pessoa física, a política monetária e a macroprudencial “pareceram complementares”. Da primeira metade de 2010 até meados de 2011, o BC elevou os juros em quase quatro pontos percentuais e elevou exigências dos depósitos compulsórios e dos requerimentos de capital dos bancos. “O mix de política foi efetivo em administrar a demanda agregada e as pressões inflacionárias, assim como em reduzir o ritmo de crescimento do crédito.” Numa nota de rodapé, o relatório destaca que “a taxa de crescimento do crédito mostra uma correlação forte e positiva com o hiato do produto (a diferença entre o PIB efetivo e o potencial, que mostra o nível de ociosidade de recursos na economia) e a taxa de inflação a partir da segunda metade de 2009. Os coeficientes de correlação são de 0,62 e 0,52, respectivamente.”

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