Paim pede mais respeito aos direitos humanos no Brasil e no mundo

Senador cita casos recentes racismo e homofobia e faz apelo “em nome da humanidade”.

 

Paim: “estabeleceu-se um ambiente de condenação
prévia e a banalização da violência e das injustiças”
(Agência Senado)

Um psicólogo e ator negro é confundido com um bandido e passa quase duas semanas preso no Rio de Janeiro. Em Uganda, uma nova legislação permite que homossexuais sejam condenados à prisão perpétua, como se orientação sexual fosse um delito gravíssimo que impedisse  uma pessoa de conviver em sociedade.

As duas situações chocaram tanto o senador Paulo Paim (PT-RS) que ele foi ao plenário, na noite dessa quarta-feira (26), fazer um apelo “em nome da humanidade e do respeito aos direitos humanos” pelo fim de todo tipo de discriminação.

Vinícius Romão de Sousa foi preso depois que uma mulher afirmou ser ele o homem que a assaltou. Mesmo confirmada a confusão, ele ficou quase duas semanas preso. Libertado, pediu justiça e a apuração efetiva dos fatos. Sousa quer que o culpado pela injustiça seja punido. Paim encaminhou um voto de solidariedade ao ator.

“Este é um País que me preocupa. O nosso País não pode seguir esse caminho. Está acontecendo quase que diariamente. É um ambiente de condenação prévia que se estabeleceu”, analisou o senador. Ele teme a banalização da violência e das injustiças no Brasil. “E é uma sina de querer condenar que não pode vir, porque é demolidor”, disse.

 “Felizmente, ela (a injustiça contra Vinícius) foi reparada, mas acho que tem que se tirar lições disso. Tomara que esse tratamento dado a ele, tão rápido e eficaz, não tenha sido por conta de ele ser negro, porque aí o problema se agrava ainda mais. Mas não duvido”, observou.

Paim foi aparteado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), que presidia a sessão. Ele  lembrou os esforços promovidos pelo governo do Acre para desmontar o crime organizado que debochava das lei de maneira quotidiana. “Grupos se organizavam, pessoas saiam do presídio, matavam e voltavam. Então, nunca eram suspeitas. Havia um esquema de aluguel de motos na porta do presídio. A pessoa alugava a moto, o preso, saía, matava e voltava”, recordou.

Viana disse que a dificuldade maior, naquele momento, foi mostrar à toda a  população que ninguém podia  fazer ou tentar fazer justiça com as próprias mãos. “Começam dizendo que vão fazer justiça, mas, no fundo, as pessoas vão se apropriando e cometendo muitas injustiças”, enfatizou.

Uganda
Em Uganda, a aprovação de uma lei permite que um cidadão comum, que não tenha cometido qualquer delito seja condenado a passar o resto de sua vida numa prisão porque é homossexual pode parecer anacrônica. Mas a lei não foi ainda mais cruel por pouco: o presidente do país queria condenar os “delinquentes” à morte.

O senador Paim citou dados, em seu discurso, para informar que, segundo a Anistia Internacional, 38 dos 54 países africanos, consideram a homossexualidade ilegal. A nova legislação de Uganda é a mais severa de todas elas.

“ Não podemos aceitar nenhum tipo de discriminação sob qualquer aspecto: religioso, político, cultural, racial, gênero e por orientação sexual. Enfim, nós não podemos admitir”, disse o senador , conclamando “ qualquer cidadão do bem, que acredita na liberdade e na igualdade de direitos para todos”,  a não se confomar com a discriminação as pessoas pela sua orientação sexual.

Ele pediu uma intensa mobilização no mundo e apelou pela revogação da lei ugandense e pela derrubada de qualquer legislação que defenda a punição ou condenação de uma pessoa por conta de sua orientação sexual.

Giselle Chassot
 

Leia mais:

Para Aníbal, sociedade precisa fazer sua parte no combate à violência
 

Prevenção à violência contra a juventude negra é objetivo do Governo
 

Líder do PT na Câmara defenderá prioridade para igualdade racial
 

Secretaria solicita informações sobre anúncio de venda de negros
 

Lei que define crimes de racismo completa 25 anos

To top