Paulo Rocha diz que eventual governo de Michel Temer já é natimorto

Paulo Rocha diz que eventual governo de Michel Temer já é natimorto

Um governo Temer que sai da aliança entre os golpistas, traidores do governo e com os derrotados nas urnas é ilegítimo e imoralO líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), em entrevista à imprensa na entrada do plenário do Senado na tarde desta quarta-feira (11), observou que, de todos os discursos feitos por integrantes da oposição, nenhum foi capaz de apontar qual foi o crime de responsabilidade cometido por Dilma. Não mostraram absolutamente nada. Segundo ele, a oposição está fugindo do debate por não ter argumentos para comprovar qualquer crime. 

“Isto é a grande contradição daqueles que pediram o impeachment. O que eles querem é uma cassação política. Não há crime cometido pela presidenta, por isso eles fogem desse debate”, afirmou. 

O senador reconheceu que o governo e sua base aliada enfrentam dificuldades para barrar o processo, na votação de hoje ou na madrugada de amanhã, porque houve uma aliança entre aqueles que perderam as eleições, aqueles que querem se vingar da presidenta Dilma, aqueles que são golpistas mesmo e aqueles que agora se apresentam traidores do governo. 

“Eles fizeram maioria. Por isso estamos denunciando que, além de ser um governo do Temer que sai dessa aliança, esse governo é ilegítimo por não ser resultado das urnas, é ilegal porque não há crime e é imoral por causa dessa aliança de interesses”, disse Paulo Rocha. 

O líder também rechaçou a tentativa dos apoiadores do golpe de reduzir o tempo de pronunciamento de cada senador para não estender a exposição deles para a mídia nacional e internacional que acompanha a sessão do golpe parlamentar. “Quiseram reduzir o tempo de 15 minutos de cada um, mas isso não prosperou. Seria mais um golpe”. 

Confira abaixo, a entrevista do senador Paulo Rocha: 

Repórter – Os debates estão atrasados, como estão as expectativas ao longo do dia e madrugada? 

Paulo Rocha – Naturalmente que agora esteja naquele momento dos embates políticos através da intervenção individual dos senadores. E cada um com seus argumentos. Na verdade, essa é a ideia de se comunicar com a população. Há a questão do rádio, depois da televisão, mas o fato é que nós estamos defendendo que continue o processo em que cada parlamentar tenha seus 15 minutos –  com o relator tendo sua oportunidade de falar e com a defesa da presidenta Dilma também tendo oportunidade de falar. Eu acho que isso vai se dar lá pelas três horas da manhã e a votação, portanto, vai concluir após esse momento. Nós entendemos que deve manter esse processo até a gente definir de uma vez por todas. O fato é que as coisas estão claras. 

Repórter – Como assim? 

Paulo Rocha – Há uma maioria política aqui. Portanto, nós estamos aqui resistindo a um processo, que como não há crime é golpe, onde a oposição e aqueles que acusaram estão fugindo desse debate, até porque queriam antecipar os debates de hoje. Eles não têm argumentos para comprovar que há crime da presidenta da República. E se não há crime, é golpe. Há um desgaste muito forte da narrativa do golpe feito no nosso País, que é a quebra da democracia. 

Repórter – Qual é a expectativa e qual o clima na base do governo neste momento? 

Paulo Rocha – O clima é de tranquilidade. Nós estamos enfrentando esse debate há temos e nós temos a clareza que os golpistas criaram uma maioria política aqui e nós estamos com tranquilidade para dialogar com a sociedade, e mostrar que este é um processo de interrupção da democracia em nosso País. Chamamos a atenção da sociedade para o possível governo Temer que já nasce defeituoso, com ilegalidade e com imoralidade. Portanto, as ruas devem ficar atentas para se mobilizar contra esse governo. 

Repórter – Assusta a ponte para o futuro? 

Paulo Rocha – A ponte para o futuro é muito mais a quebra das conquistas que tivemos no País. A ideia de continuar vendendo nosso patrimônio público; a ideia de interromper os avanços de políticas públicas inclusivas que nós implantamos no País e a ideia de até quebrar direitos conquistados, nós não vamos aceitar isso e os movimentos sociais têm que estar atentos para isso. 

Repórter – De todos os senadores da oposição que já falaram, nenhum, absolutamente, mostrou ou entrou na questão de que crime de responsabilidade Dilma teria cometido. Todos falavam de conjunto da obra, isso não é estranho para o senhor? 

Paulo Rocha – Isso é a grande contradição daqueles que pediram o impeachment. O que eles querem é uma cassação política. Não há crime cometido pela presidenta, por isso eles fogem desse debate. 

Repórter – O resultado hoje está praticamente certo, como o governo vai fazer para reverter isso no julgamento final? 

Paulo Rocha – O número, a quantidade, isso já estava com cartas marcadas desde algum tempo. É uma aliança política daqueles que perderam as eleições, da aliança política da bancada daqueles que querem se vingar contra a presidenta da Dilma, daqueles que são golpistas e agora adicionado com os traidores do governo. Eles, assim, fizeram a maioria política. Por isso estamos dizendo que um governo do Temer que sai dessa aliança é ilegal porque não tem crime da presidenta e é ilegítimo porque não saiu das urnas e é imoral por causa dessa aliança política. 

Repórter – É possível reverter esse resultado depois dos 180 dias? 

Paulo Rocha – Acreditamos que não e nem é essa a nossa intenção. Nossa intenção é outra, é de radicalizar contra um governo que nasce assim. A decisão de afasta-la já está dada. Depois é outro processo. Por isso que estou dizendo. O governo Temer é ilegítimo, ilegal, imoral, para a população saber que a presidenta foi cassada por meio de um processo viciado, por meio de um golpe. 

Repórter – Mas oposição já tem os dois terços? 

Paulo Rocha – Não creio. Naturalmente, a estratégia deles hoje é ter 54 votos para poder sinalizar esse futuro. Não creio que terão. No entanto, o processo está exatamente na capacidade do governo Temer se consolidar. Esse é o ponto central da questão. Esse já é o nervosismo deles. Já há briga internas porque este ou aquele grupo não foi atendido. Há desentendimento dentro do próprio partido dele (Temer). Então já é um governo que está natimorto. 

Marcello Antunes 

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