Povo ucraniano tem de ser senhor de seu destino, diz Gleisi




“Antes de qualquer interesse, do econômico, do religioso e do político está a vida. Evitar a guerra a qualquer custo deve ser a principal meta de todos os envolvidos”,  diz senadora

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) defendeu a via diplomática como o melhor caminho para a resolução da crise instalada na Ucrânia, onde o primeiro objetivo é evitar que não mais ocorra qualquer derramamento de sangue. “Nós estamos diante de uma situação peculiar que deve ser enfrentada com a devida atenção, por se tratar de uma nação dividida. Antes de qualquer interesse, do econômico, do religioso e do político, está a vida. Evitar a guerra a qualquer custo deve ser a principal meta de todos os lados envolvidos”,  afirmou.

Gleisi disse que recebe com preocupação as informações de que o acirramento da crise na Ucrânia é associado ao que ocorreu no início da 2ª Guerra Mundial. “Fico imaginando como poderíamos sequer considerar repetir as tragédias daquele evento. O número absurdo de mortes, de ambos os lados, inclusive muitos russos e ucranianos, deu como resultado um mundo dividido e cheio de dor. Mas eis que poderemos estar diante de uma nova divisão, agora entre ucranianos e russos que, independentemente de sua simpatia pelo ocidente ou pelos russos, são um povo, uma etnia e uma nação”, disse ela.

A senadora lembrou que a relação entre o Brasil e a Ucrânia é antiga, superando os 120 anos, quando os primeiros imigrantes ucranianos chegaram à cidade paranaense de Mallet. “Hoje, os descendentes de ucranianos no Brasil somam mais de 500 mil pessoas, sendo que cerca de 80% ou 400 mil vivem no meu estado, o Paraná”, contou. Aliás, é o estado do Paraná que se verifica a maior concentração de ucranianos. Na capital Curitiba, por exemplo, são aproximadamente 55 mil pessoas. No município de Prudentópolis, dos 50 mil habitantes, 38 mil são descendentes de ucranianos e outras cinco cidades paranaenses cerca de 45% da população descende de imigrantes da Ucrânia.

Gleisi : 80%, dos 500 mil descendentes
de ucranianos que vivem no Brasil,
estão no Paraná

Gleisi apontou que os laços entre o Brasil e a Ucrânia são fortes, estabelecidos a partir da imigração. Atualmente, a Ucrânia é parceira do Brasil num projeto de cooperação na Base de Alcântara, no Maranhão, onde se desenvolve uma plataforma para lançamento de satélites. “O Brasil também coopera muito com a Rússia. Somos parceiros no conjunto de países em desenvolvimento (BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Aqui também chegaram milhares de russos que, igualmente aos ucranianos, contribuem para o desenvolvimento do Brasil”, salientou. 

É por essa razão, segundo a senadora, por representar o Brasil que é um estado pacífico e reconhecido por receber povos das mais variadas partes do mundo, que ela considera fundamental que as autoridades invoquem o espírito diplomático brasileiro para ultimar todos os envolvidos com o momento da Ucrânia para utilizar o bom senso, para discutir e debater o quanto for necessário para solucionar o problema, sem que para isso não haja derramamento de sangue além do que já houve.

“Particularmente entendo que o grande desafio é assegurar a estabilidade necessária naquele país, para que o povo ucraniano, democraticamente, seja o único responsável por determinar o seu futuro. Compete ao mundo, à Organização das Nações Unidas (ONU), trabalhar intensamente para garantir um ambiente estável dentro da Ucrânia e em todas as suas regiões”, disse Gleisi, ao enfatizar que também é de responsabilidade de todas as grandes nações evitar a qualquer custo ações e declarações que possam tencionar ainda mais as relações. “Não é admissível que qualquer projeto ou estratégia geopolítica possa se sobrepor a urgente necessidade de pacificar os ânimos e lutar pelo restabelecimento da unidade entre o povo ucraniano. Não há espaço para questões menores e muito menos para que outros, que não os ucranianos, sejam eles pró-ocidente ou pró-russos, interpretem o que é melhor para o seu país”, completou.

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