Preconceito racial sublinha conclusões da CPI do Assassinato de Jovens

Preconceito racial sublinha conclusões da CPI do Assassinato de Jovens

“Se nada for feito, nossos jovens, sobretudo a nossa juventude negra, continuarão sendo mortos precocemente, deixando famílias desprovidas de seus filhos e o Brasil privado de toda uma geração de crianças e adolescentes. O Brasil não pode conviver com um cotidiano tão perverso e ignominioso”.Depois de 29 reuniões, nas quais não faltaram explosões de choro e indignação, ao longo de sete meses e 21 audiências públicas dentro e fora do Senado, será apresentado nesta quarta-feira (08) o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Assassinato de Jovens.  Presidida pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), com relatoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a CPI grou comoção principalmente quando foram ouvidas as mães dos jovens assassinados. “Elas foram presença fundamental nas audiências, com suas palavras duras, lúcidas e impactantes”, registra o senador petista em seu texto, dizendo ainda que, graças a essas mães, foi estabelecido o fio condutor que conduziu à conclusão de que o extermínio atinge principalmente a jovem população negra. 

“À sua maneira, pela sua história pessoal, elas perceberam na pele e na carne que a democracia racial no Brasil é um mito. Suas falas são contextualizadas, trazem muita informação, carregam a dor e o cansaço de quem se sente lutando sozinha contra o aparato estatal, que reflete, na verdade, o espírito da desigualdade histórica no tratamento entre brancos e negros no Brasil”, ressalta o texto. 

Para Lindbergh Farias, as informações levantadas pela CPI deixam claro que “o poder público não tem mais o direito de fugir ao tema”. 

O Brasil ocupa um triste e vergonhoso lugar no quadro da Organização das Nações Unidas (ONU) que compara a ocorrência de homicídios nos países mais violentos do mundo. Cerca de 56.000 pessoas são assassinadas todos os anos, ou o equivalente a 29 vítimas a cada grupo de 100.000 habitantes, índice considerado epidêmico pela ONU. Este perfil tétrico de um jovem negro assassinado a cada 23 minutos vem se mantendo ao longo dos últimos trinta anos, com 53% das vítimas constituídos por jovens, dois quais 77% são negros e 93% do sexo masculino. O homicídio doloso é a primeira causa de morte entre jovens brasileiros, mas não se estende por todas as faixas sociais e perfis raciais – muito pelo contrário: a maios parte das vítimas é de jovens nascidos em famílias negras entre as mais pobres da pirâmide social. Claramente, os números mostram outa dura realidade que enfatiza a profunda desigualdade social e o racismo estrutural da sociedade brasileira. 

“A CPI mostrou que estamos diante de um grave problema social”, diz o senador Lindbergh, “e o Estado deve tomar medidas urgentes, profundas e abrangentes. Tão importante quanto a aplicação de medidas que interrompam essa escalada, reforça o senador, “é preciso que o Estado se debruce mais atentamente sobre o racismo existente de maneira estrutural nas políticas públicas de modo geral. “Se nada for feito, nossos jovens, sobretudo a nossa juventude negra, continuarão sendo mortos precocemente, deixando famílias desprovidas de seus filhos e o Brasil privado de toda uma geração de crianças e adolescentes. O Brasil não pode conviver com um cotidiano tão perverso e ignominioso”. 

Faça o download do link abaixo para ter acesso à íntegra do relatório 

http://www19.senado.gov.br/sdleg-getter/public/getDocument?docverid=80386574-416a-47ca-80cb-e1ede19363e2;1.3

 

 

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