Presidente paraguaio anuncia promulgação do veto à Venezuela

Se dependesse do Paraguai, nenhum acordo comercial poderia ser assinado com a China porque o país ainda reconhece Taiwan como verdadeira representante do país. Agora, com a mesma inutilidade, uma vez que todos os países do Mercosul não só negociaram, como intensificaram suas relações com os chineses nos últimos anos, o Paraguai também anuncia oficialmente que não vai reconhecer a Venezuela como novo país-membro do bloco econômico. O anúncio foi feito por Federico Franco, presidente paraguaio desde junho passado, quando chegou ao poder depois de um processo de impeachment relâmpago que destronou o presidente eleito, Fernando Lugo.

Franco disse que vai assinar a decisão do Congresso de seu país de rejeitar o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, medida inócua a esta altura dos acontecimentos. Segundo ele, a decisão tomada pelos demais países-membros do bloco é irregular, pois não tem a chancela do Paraguai. A entrada oficial da Venezuela no Mercosul, diga-se, ficou indefinida nos seis últimos anos porque o mesmo Congresso paraguaio recusava-se a votar pela adesão ou recusa do protocolo de adesão.

O Paraguai está suspenso de qualquer convocação ou votação importante no Mercosul, desde a destituição de Lugo. Sua rejeição à Venezuela, opondo-se aos demais países-membros  – Argentina, Brasil e Uruguai – recebeu acolhida apenas na imprensa dominante, em cujas páginas Federico Franco vem tentando legitimar-se no poder. Mas suas aparições na mídia conservadora – ora  em entrevistas que parecem ter sido feitas por encomenda, ora por acusações contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez –mostraram-se inúteis até o momento.

“Vou promulgar a decisão do Congresso quando receber o ato do Senado de não aceitar a entrada da Venezuela no Mercosul”, brandiu Franco, ignorando que, em 31 de julho passado, a Venezuela foi oficialmente admitida no bloco durante cerimônia realizada em Brasília que teve as presenças da presidenta Dilma Rousseff,  e dos presidentes do Uruguai, José Pepe Mujica, da Argentina, Cristina Kirchner, além do próprio presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Isolado, o presidente paraguaio tem a dizer apenas que a decisão do Congreso paraguaio  foi “soberana”.

“Não só temos sido marginalizados no Mercosul, mas também a decisão de permitir a entrada da Venezuela vai contra as disposições do Tratado do Mercosul que tem uma cláusula que estabelece que a decisão [de ingresso de um novo membro ao bloco] deve contar com [o apoio de todos os] membros plenos”, disse Franco, que ainda anunciou a intenção de ir para a ONU, em setembro próximo, defender a legalidade de seu governo.

Franco vai à ONU, mas não pretende recorrer ao Tribunal de Haia para tentar suspender a suspensão no Mercosul e na União de Nações Sul-Americanas (Unasul). 

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