Prevenção ainda é o melhor remédio para enfrentar a dengue, diz Chioro

Ministro diz que possibilidade de uma vacina em curto prazo está descartadaContra a dengue, o melhor ataque ainda é a prevenção. “É importante lembrar que a prevenção não é responsabilidade apenas do poder público, porque quem cuida do quintal da casa são seus habitantes e a (prevenção da) dengue tem uma dimensão que é solidária e comunitária”, resumiu, nesta quarta-feira (10), o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais, o ministro afastou a possibilidade de imunizar a população brasileira contra a dengue já no próximo verão e esclareceu que não é possível desenvolver, em tão curto prazo, uma vacina segura e eficaz. Segundo ele, quatro laboratórios – dois deles, públicos (Butantã e Fiocruz) – tentam desenvolver a vacina. Mas os testes não permitem adotar nenhum dos produtos em desenvolvimento. “Prometer uma vacina que não chegará só desarma a população”, argumentou.

Arthur Chioro disse ainda que, embora um produto desenvolvido pela empresa Sanofi Pasteur esteja na fase de registro pela Anvisa, sua utilização ainda  é incerta, já que a resposta imunológica é de apenas 62% .Outro problema é que a vacina da Sanofi Pasteur, se aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), exigiria  a aplicação de três doses ao longo do período de um ano para garantir a imunização. Além disso, a vacina não pode ser aplicada em crianças e idosos.

Chioro lembrou que nenhum dos laboratórios que desenvolvem vacinas contra a dengue tem capacidade de produção para dar conta da demanda. “Só vamos incorporar ao SUS uma vacina efetiva, segura e que tenha um custo capaz de ser sustentado”, afirmou Arthur Chioro.

A audiência pública foi pedida pelos senadores para que o Ministério da Saúde falasse sobre a incidência e as medidas adotadas para combater a doença. Eles questionaram desde as peças publicitárias até o emprego de verbas pelos estados e municípios para enfrentar o que chamaram de epidemia.

Mais recursos
O ministro admitiu o quadro epidêmico, localizado especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste e em estados como São Paulo, Goiás e Acre. Mas ressalvou que a incidência está caindo – em maio, já foi 68% menor que em abril – e deve seguir nesse ritmo decrescente.

Mas deixou claro que não aceita insinuações de que a política de combate à doença tenha sido negligente. Ele lembrou que, para intensificar as medidas de vigilância, prevenção e controle da dengue, o Ministério da Saúde repassou, em janeiro, um recurso adicional de R$ 150 milhões a todos os estados e municípios brasileiros.

A verba é exclusiva para qualificação das ações de combate aos mosquitos transmissores da dengue e do chikungunya, o que inclui a contratação de agentes de vigilância. Do total repassado, R$ 121,8 milhões foram para secretarias municipais de saúde e R$ 28,2 milhões às secretarias estaduais.

O novo boletim da dengue, divulgado pelo Ministério da Saúde mostra foram 348,2 mil casos em abril contra 111,1 mil em maio. No total, até o final de maio, foram registrados um milhão de casos prováveis.  A situação, segundo Chioro, é menos crítica que em 2013, quando, no mesmo período, foram registrados 1,3 milhão de casos.

O ministro observou que, das 378 mortes registradas neste ano, 57% tiveram como vítimas pessoas com mais de 60 anos, afetadas também por outras doenças. Ele afirmou que, em comparação com outros países das Américas, a taxa de letalidade no Brasil é mais baixa, o que mostra a capacidade de resposta do sistema de saúde.

Giselle Chassot

 

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