Meio Ambiente

Quadrinhos ensinam a preservar os rios da Amazônia

Senador Paulo Rocha lança cartilha para mostrar aos ribeirinhos importância de lutar para manter nascentes e margens dos rios
Quadrinhos ensinam a preservar os rios da Amazônia

Arte: cartilha/Tatihele Assunção

“Um dia, percebemos que o rio é muito mais do que o trecho que passa pela nossa comunidade. E que o lixo que a gente tentava tirar da água aumentava todos os dias. Foi aí que decidimos nos unir e começar um processo de educação para as populações ribeirinhas. Daí nasceram os comitês, os projetos de capacitação e os minicursos para as lideranças”. Quem conta a história é Luiz Gonzaga Rocha, líder do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Marapanim no nordeste do Pará.

Unir as populações ribeirinhas para salvar as nascentes dos rios é um sonho alentado há 15 anos por moradores conscientes da importância daquelas águas para a sobrevivência de cada um. Engajado no projeto, o senador Paulo Rocha (PT-PA) apoia as tentativas de preservação desde os tempos de deputado federal e decidiu produzir um texto para mostrar o que a destruição dos rios pode significar para cada paraense. A ideia inicial era uma cartilha tradicional. Mas acabou se transformando numa história em quadrinhos.

Paulo Roberto Ferreira,  assessor do senador Paulo Rocha, é o roteirista e autor do texto da cartilha. Ele conta que o objetivo do formato quadrinhos é tornar o conteúdo acessível a todos que vivem nas margens dos rios o conhecimento sobre a convivência harmoniosa com o meio ambiente. “São pessoas simples; trabalhadores rurais que vivem e trabalham em reservas, produtores de açaí, extrativistas, seringueiros, pescadores… Então, precisávamos de uma linguagem simples para passar informações essenciais”, disse.

As ilustrações são de Lucídio Monteiro que, além de desenhista, tem vasta experiência de educação popular.

“Quando participei da Conferência pela criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Marapanim, em março de 2016, fiquei emocionado com a representação organizada pelas lideranças do movimento, que apontaram a recuperação de nascentes como uma necessidade imediata dos 12 municípios que integram o território da bacia. Doze pessoas gritavam o nome de um manancial e faziam um dramático apelo para que suas fontes de água voltassem a ter vida. E quando doze crianças ingressaram no salão do Clube Marapanim conduzindo uma muda de açaizeiro, simbolizando a esperança de recuperação daquelas cabeceiras, muita gente desabou em lágrimas”, relata o senador Paulo Rocha, logo na apresentação da cartilha.

A vontade de produzir um material para ajudar a discussão sobre a destruição dos rios e para estimular a regeneração das nascentes ficou maior a partir desse momento. “Espero com isso que as lideranças dos trabalhadores, técnicos e os agentes públicos envolvidos com essa discussão, em todas as regiões do estado, possam contar com uma pequena ferramenta na luta pelo manejo da água, fundamental para qualquer política de desenvolvimento local na Amazônia”, explicou.

Carnaval e lixo

Luiz Gonzaga Rocha mora às margens do rio Marapanim, no município de Terra Alta,  a pouco menos de 90 km de Belém. Ele conta que uma antiga tradição da região é terminar os festejos de Carnaval dentro do rio. Fim de folia significava jogar as fantasias nas águas, para que o rio levasse. Até um dos foliões, Washington Barbosa, começar a perceber que a tradição sujava o rio.

“Foi então que criamos um grupo para tirar o lixo do rio. E percebemos que, a cada dia, o lixo aumentava; E não era só o que a gente jogava fora, mas o que vinha desde as nascentes”, relatou. Para quem mora na Amazônia, o rio representa transporte, trabalho e a própria subsistência. Pesquisando, a comunidade descobriu que outras lideranças se preocupavam com o rio em muitos dos doze municípios por onde o Marnapanim passa, antes de chegar ao oceano Atlântico.

“Quando o Paulo Rocha se tornou senador, foi importante para unir e começar o trabalho de conscientização da nossa região e de outras”, relatou. Assim surgiu o Comitê Gestor da Bacia Hidrográfica do rio Marapanim, em março de 2016.

A ideia agora é conscientizar o maior número possível de comunidades, para discutir muito mais que o lixo, a pesca predatória, o garimpo e o veneno nas águas. Para isso, as lideranças paraenses já contam com parceiros no governo estadual, entidades governamentais e não-governamentais.

A cartilha elaborada pelo gabinete do senador Paulo Rocha é uma espécie de manual sobre o manejo da água. Além de mostrar o que significa a morte de um rio, o texto mostra a importância da preservação das margens e ensina como isso deve ser feito.

Mais: mostra que a união das pessoas torna a comunidade mais forte e mais capaz de enfrentar a luta contra a pesca predatória, o veneno nas águas e a caça de animais silvestres que vivem, se alimentam e bebem do rio.

“Uma coisa que a gente não pode esquecer: se a gente proteger ou recuperar as nascentes, a gente vai ter água pra beber, para os animais e para a agricultura”, diz o texto.

Agora, o próximo desafio da comunidade é ensinar os ribeirinhos a cultivar viveiros nas matas ciliares. “Isso pode gerar renda, além de garantir o replantio de árvores nativas como a copaíba e a andiroba, que atraem o interesse das indústrias de cosméticos e farmacêutica.

Conheça a cartilha

Reprodução autorizada mediante citação do site PT no Senado

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