Relator da comissão do golpe, Anastasia não aceita áudios como prova

Relator da comissão do golpe, Anastasia não aceita áudios como prova

Cardozo diz que decisão impede o direito da defesa da presidentaO relator-golpista-tucano da Comissão Especial do Impeachment, Antônio Anastasia (MG), não quer aceitar a inclusão das gravações e da cópia da delação do ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado com o breve ministro interino do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR). O pedido de aditamento das gravações ao processo foi apresentado nessa quarta-feira (1º) pelo advogado da presidenta Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo.

Anastasia alegou, nesta quinta-feira (2), que os arquivos fogem ao tema do processo de impeachment. Isso, apesar do teor das conversas, que foram suficientes para forçar a queda do ministro Jucá e o constrangimento do governo usurpador, que falavam em apear a presidenta como forma de estancar a Operação Lava Jato.

“Essa é a tese fundamental da defesa”, reclamou Cardozo à imprensa, durante o período em que a comissão esteve suspensa para almoço. “Quer dizer então que foge ao tema do processo mostrar que isso (o golpe) foi uma grande farsa”?

Para o advogado-geral-da-União afastado, o objetivo do relator é evidente: evitar que o direito da presidenta de provar sua inocência seja exercido. Os áudios, segundo ele, são prova de que houve desvio de poder dos acusadores da presidenta. Eles, deliberadamente, articularam para afastar Dilma do cargo para atender a interesses nada republicanos. No diálogo, o peemedebista sugere um “pacto” para barrar a Lava Jato e afirma que o impeachment de Dilma poderia ajudar a “estancar a sangria” causada pela operação que investiga o esquema de corrupção que atuava na Petrobras. O próprio Jucá é um dos alvos da operação.

Anastasia também rejeitou o pedido de oitiva de vários especialistas e realização de uma perícia e auditoria econômico-financeira e contábil feita por uma consultoria internacional nos decretos de créditos suplementares – a base da acusação contra a presidenta. Ele defende que essa tarefa cabe ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Na segunda parte da reunião, os integrantes da comissão devem votar o parecer do relator – segundo os aliados do governo provisório, trata-se de “manifestações”.  Treze requerimentos ainda dependem de aval dos senadores.

Sem tempo para vistas

Como se não bastasse tentar atropelar a defesa, os neogovernistas também tentam rasgar o Regimento e impedir que os senadores possam analisar com calma as tais “manifestações” de Anastasia.

O senador José Pimentel (PT-CE) apresentou questão de ordem, pedindo tempo para analisar o documento (pedido de vistas). O presidente do colegiado, Raimundo Lira (PMDB-PB) rejeitou o pedido, alegando que não se tratava de parecer.

Cardozo voltou a protestar: ”ora, manifestações, nesse caso, são pareceres”, emendou. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR): “Evidentemente que se trata de um parecer e é preciso tempo para que os senadores tenham conhecimento do que ele contém”, argumentou.

A comissão volta a se reunir na próxima segunda-feira (06), às 16 horas.

 

Giselle Chassot

 

 

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