Resultado da Petrobras mostra acréscimo de 149% do lucro operacional

Resultado da Petrobras mostra acréscimo de 149% do lucro operacional

Números da empresa, observados com lupa, são favoráveis: no ano, lucro líquido foi de R$ 2,1 bilhões e Ebitda ajustado cresceu 45%  Se olharmos para o balanço da Petrobras divulgado ontem (quinta-feira, 12) com os números do terceiro trimestre do ano, a primeira impressão pode ser negativa, já que que veio com prejuízo de R$ 3,759 bilhões, por causa de alguns fatores, como a depreciação cambial, que geraram maiores despesas financeiras líquidas.

No entanto, no acumulado do ano –  de janeiro a setembro – o lucro líquido da empresa está em R$ 2,1 bilhões. É verdade que houve uma queda de 58% em relação ao mesmo período de 2014, mas o lucro operacional nos nove meses deste ano, de R$ 28,635 bilhões, foi 149% maior que o obtido em igual período do ano passado. 

Isso conta bastante e há outros fatores que demonstram o esforço do corpo diretivo da maior empresa brasileira: o EBITDA ajustado cresceu 45% entre janeiro e setembro deste ano contra o mesmo período de 2014, situando-se em R$ 56,795 bilhões, ante R$ 39,1 bilhões. O EBITDA ajustado é o lucro líquido acrescido de resultado líquido, imposto de renda e contribuição social, depreciação, amortização e o resultado de outras receitas ou despesas operacionais, usado pelos analistas como o indicador que melhor mede a capacidade de geração de caixa operacional de uma empresa. Isso permite a comparação com outras petrolíferas, maiores ou menores que a Petrobras.  

Assim sendo, outros dados do balanço também contam para uma análise dos números da empresa, como o endividamento líquido da empresa, que encerrou o terceiro trimestre em US$ 101,273 bilhões, 5% inferior ao valor da dívida em 31 de dezembro de 2014. Os jornais brasileiros, num verdadeiro mimimi, converteram esses 101 bilhões para o real, chegando a quase R$ 400 bilhões. No vale-tudo para depreciar a empresa, desavisados são levados ao erro, porque a dívida em dólar será paga em dólar e ela caiu 5%. 

Esse é o fato que conta. Inclusive o prazo médio dessa dívida aumentou de 6,1 anos em dezembro do ano passado para 7,49 anos em 30 de setembro de 2015. Na ponta do lápis, o prazo dessa dívida cresceu, foi alongado, permitindo um alívio em sua gestão – e a empresa perseguirá, como de praxe, o aumento desse prazo. 

Maiores margens de lucro
A Petrobras justificou o aumento de 149% no lucro operacional como decorrente das maiores margens de lucro na venda de derivados de petróleo no mercado interno e do maior volume exportado. Além disso, a produção brasileira cresceu 6%, em que pese a redução da demanda do mercado interno. 

Outros destaques do balanço foram os seguintes: alta de 6% na produção combinada de petróleo e gás natural (no Brasil e no exterior); aumento de 60% das exportações de petróleo, com 132 mil barris/dia; menor demanda por derivados no mercado doméstico (8%, 195 mil barris/dia); aumento das despesas financeiras líquidas, que alcançaram R$ 23,1 bilhões, devido à desvalorização do real perante o dólar e acréscimo nas despesas com juros, reflexo do maior endividamento e menor capitalização em ativos em construção. 

O fluxo de caixa livre foi positivo em R$ 8,3 bilhões, ante um valor negativo de R$ 12,3 bilhões nos nove meses de 2014; os investimentos totalizaram R$ 55,5 bilhões de janeiro a setembro deste ano, embora tenham sido 11% menores que o mesmo período de 2014. A área de exploração e produção no Brasil ficou com 78% dos investimentos. 

A produção cresceu 6% e atingiu a média de 2,790 milhões de barris por dia e em setembro a produção de óleo e gás natural na camada do pré-sal ficou acima de um milhão de barris de óleo equivalente (petróleo e gás). Vale destacar aqui – para desmistificar o discurso daqueles que querem acabar com o sistema de partilha de produção – que a Petrobras conseguiu um feito para lá de positivo: reduziu a US$ 8 dólares o custo de extrair petróleo do pré-sal. 

Políticos oposicionistas e a horda de críticos ao sistema de partilha vão se contorcer, já que a redução do custo correspondeu a 16% e em dólar. Em igual período do ano passado, o custo de extração era de US$ 14,7 dólares.

Portanto, a comparação que se faz é a seguinte, o sistema de partilha é vantajoso porque o preço do barril no mercado internacional está em torno dos US$ 50 dólares e o custo pela extração no pré-sal, a US$ 8 dólares, garantirá boa margem à Petrobras. 

Na área de refino, cresceu a participação do óleo nacional na carga processada das refinarias, chegando a 86%, ao mesmo tempo que as exportações cresceram 60% de janeiro a setembro. A produção total de derivados no Brasil e no exterior foi de 2,197 milhões de barris. Foi 7% menor do que a produção de janeiro a setembro de 2014, por causa da parada programada e não programada de duas refinarias. 

Concorrentes
Agora vamos ver como ficaram os resultados de outras petrolíferas ao redor do mundo: a Royal Dutch Shell, do Reino Unido, divulgou que no terceiro trimestre de 2015 as perdas foram de US$ 6,1 bilhões em relação ao ganho de US$ 5,3 bilhões no terceiro trimestre do ano passado. O resultado foi impactado por despesas não relacionadas ao caixa, de cerca de US$ 1 bilhão, devido aos efeitos da taxa de câmbio desfavorável sobre posições fiscais – leia-se cotações menores do barril de petróleo no mercado internacional. 

O fluxo de caixa das atividades operacionais para o terceiro trimestre de 2015 foi de US$ 11,2 bilhões, ante US$ 12,8 bilhões do mesmo período de 2014. Excluindo os movimentos de capital de giro, o fluxo de caixa das atividades operacionais ficou em US$ 5,3 bilhões, ante US$ 11,1 bilhões do terceiro trimestre de 2014. 

A Chevron, norte-americana, divulgou no dia 30 de outubro que obteve no terceiro trimestre de 2015 lucro de US$ 2 bilhões – o lucro por ação caiu de US$ 2,95 para US$ 1,09. As receitas operacionais no terceiro trimestre deste ano foram de US$ 33 bilhões, bem abaixo dos US$ 52 bilhões apurados em igual período do ano passado. 

Outra empresa norte-americana, a Exxon Mobil Corporation, informou que seu lucro no terceiro trimestre deste ano ficou em US$ 4,2 bilhões, ou US$ 1,01 por ação, muito abaixo do lucro de US$ 8,1 bilhões de um ano antes. No comunicado da empresa, o presidente e diretor executivo, Rex W. Tillerson afirmou que o resultado reflete o esforço continuado de expandir a área de refino e de produtos químicos. 

A francesa Total divulgou que no terceiro trimestre desta no o lucro foi de US$ 2,8 bilhões, mas vale notar que o lucro por ação despencou de US$ 3,64 para US$ 1,17. 

Do Reino Unido, a BP divulgou lucro no terceiro trimestre de US$ 1,8 bilhão, US$ 500 milhões acima do resultado obtido em igual período do ano passado. 

Marcello Antunes

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