Conflito fundiário

Senadores criticam omissão sobre massacre no Mato Grosso

“O Estado brasileiro, que deveria ser o guardião da cidadania, é omisso em frente a um conflito que ceifa vidas em todo o Brasil", denunciou a senadora Regina Sousa (PT-PI), presidenta da Comissão de Direitos Humanos (CDH)
Senadores criticam omissão sobre massacre no Mato Grosso

Foto: Agência Brasil

A senadora Regina Sousa (PT-PI), presidenta da Comissão de Direitos Humanos (CDH), criticou a falta de posicionamento do atual governo sobre os nove assassinatos motivados por conflitos de terras na área rural do município de Colniza, em Mato Grosso, na semana passada.

“O Estado brasileiro, que deveria ser o guardião da cidadania, é omisso em frente a um conflito que ceifa vidas em todo o Brasil. Ninguém ouviu uma palavra de Governo e parece que virou uma coisa corriqueira a matança”, lamentou.

É preciso massificar o assunto na avaliação da senadora. Para ela, está passando despercebida a questão da mortandade no campo. “Ninguém divulga, não é um fato isolado, é quase rotineiro. É por isso que ninguém nem se importa mais”, criticou.

A ideia da senadora é aprovar um requerimento de diligência ao local do massacre na Comissão de Direitos Humanos e cobrar das autoridades a punição dos envolvidos. “Todo mundo lá diz que dá para saber [quem são] os culpados, que se sabe quem são os que vivem ameaçando por lá”, disse.

O senador Paulo Paim (PT-RS) também criticou a ausência de posicionamento do “governo provisório” sobre o assunto e o desmonte promovido por Michel Temer em áreas que seriam as responsáveis no Executivo a darem respostas ao massacre.

“Onde está o Ministério da Reforma Agrária? Ele [Temer] acabou com o Ministério da Reforma Agrária. Onde está o Ministério da Previdência? Acabou também. É lamentável vir à tribuna para dizer que a violência – uma ação totalmente desumana – campeia pelo nosso País, cada vez mais”, disse.

Na avaliação do líder da Minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), crimes desta magnitude voltaram a ocorrer no campo por conta da omissão daquele que deveria garantir a ordem e a paz no campo.

[blockquote align=”none” author=”Senador Humberto Costa (PT-PE), líder da Oposição no Senado Federal”]“Se um crime como esse ocorresse nos governos Lula ou Dilma, certamente a Policia Federal ou a Guarda Nacional lá estivesse. É essa a visão de reforma agrária desse governo ilegítimo, golpista, desse presidente sem voto e sem compromisso algum com a população brasileira”[/blockquote]

As lideranças do PT na Câmara e no Senado também divulgaram nota conjunta de repúdio ao massacre. De acordo com a nota, embora a violência contra camponeses e trabalhadores rurais seja uma constante na história do Brasil, não se pode dissociar esse novo e terrível massacre do golpe de Estado de 2016.  “Em sua insanidade antissocial e antitrabalhista, o golpe está incentivando a violência contra a população pobre do Brasil. Voltamos à República Velha”, diz trecho da nota.

Os corpos dos trabalhadores rurais foram identificados e liberados pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) do Estado. São eles: Fábio Rodrigues dos Santos, Izaul Brito dos Santos, Ezequias Santos de Oliveira, Samuel Antônio da Cunha, Francisco Chaves da Silva, Sebastião Ferreira de Souza, Aldo Aparecido Carlini, Edson Alves Antunes e Valmir Rangeu do Nascimento.

Sete vítimas são de Rondônia, uma de Mato Grosso e uma de Alagoas, todos homens adultos.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), há mais de dez anos os conflitos fundiários são comuns no local, onde já ocorreram outros assassinatos e agressões. A CPT informou que investigações policiais feitas nos últimos anos apontaram que “os gerentes das fazendas na região comandavam uma rede de capangas, altamente armados, que usavam do terror para que a área fosse desocupada pelos pequenos produtores”.

To top