Senadores petistas são contra CPI para investigar Petrobras

Para mostrar banalização, líder do Partido no Senado resgata resultado pífio de comissão de 2012

Humberto Costa foi a plenário nesta
quarta-feira para lamentar oportunismo
eleitoral da oposição

A bancada do PT no Senado fechou questão e não assinará o pedido de convocação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar negócios feitos pela estatal Petrobras. A informação é do líder do partido na Casa, Humberto Costa (PE), que em pronunciamento ao plenário, nesta quarta-feira (26), lamentou a antecipação do calendário eleitoral por integrantes da oposição. Segundo o senador, esses parlamentares bombardeiam um dos maiores patrimônios do País.

“É lamentável que no momento em que congressistas devem exercer, de forma sóbria e serena, as responsabilidades que o mandato impõe, deixem-nas de lado para agir como se estivessem em um palanque”, discursou o senador. Humberto alertou que “não é sensato usar os jornais do dia como pauta para definir a linha de ação política” frente a temas fundamentais para o País. “Isso apequena a atuação parlamentar e não contribui para a elucidação de fatos que precisam ser esclarecidos.”

Para o líder petista, apenas o desejo de disputa política explica a intenção dos oposicionistas de instalar a tal comissão. “Mas não é preciso CPI para a disputa. Vamos fazê-la aqui, no plenário, no debate”, conclamou. Humberto lembra que esse instrumento nada acrescentará às investigações que já estão em curso na Polícia Federal, no Tribunal de Contas da União, na Controladoria-Geral da União, no Ministério Público e na própria Petrobras.

“A CPI serviria de passarela para o desfile de meia dúzia à procura de holofote”, afirmou o senador. Humberto lembrou a CPI do Cachoeira, de 2012, que tentou se sobrepor a duas operações da Polícia Federal e conseguiu apenas “expor o Congresso ao ridículo pelo tanto que consumiu e pelo resultado pífio que apresentou”. Foram oito meses de funcionamento, 32 reuniões, 275 requerimentos aprovados, 109 pessoas convocadas a prestar esclarecimentos, mais quatro convidados, 92 sigilos bancários, 91 sigilos fiscais e 88 sigilos telefônicos quebrados e 40 depoimentos – em 24 dos quais os depoentes se recusaram a responder às perguntas dos parlamentares.

Depois de receber e analisar milhares de documentos, a CPI foi encerrada com um relatório de menos de duas páginas. “Não trouxe provas, não reuniu depoimentos significativos, não indiciou ninguém. A única conclusão sensata daquele relatório foi a de que o Ministério Público e a Polícia Federal eram os melhores foros para dar segmento às investigações”, lembrou Humberto, que foi integrante da CPI.

O líder alertou, ainda, para a progressiva degradação do instrumento da CPI, em consequência do uso político que se faz dessa importante instrumento de fiscalização de que dispõe o Congresso. “A CPI vem perdendo credibilidade. Precisamos resgatar esse instrumento”. Para Humberto, não se pode desgastar esse instrumento transformando-o em mera ferramenta para “alimentar egos de interessados em figurar nos noticiários”.

Representação

O líder do PT também lamentou que a campanha eleitoral antecipada tenha levado oposicionistas a fazerem uma representação ao procurador-geral da República contra a presidenta Dilma, “baseada, eu diria, na desinformação, com todo o respeito, fundamentada apenas em material jornalístico frágil, sem o zelo de qualquer pré-apuração de fatos”. A representação questiona a atuação da então presidenta do Conselho de Administração da Petrobras no aval que deu à compra da refinaria de Pasadena, ao mesmo tempo em que “esquece” os demais conselheiros, que também votaram a favor da operação – a decisão foi unânime.

Humberto foi aparteado pelos senadores petistas Gleisi Hoffmann (PR) e Wellington Dias (PI). Gleisi lembrou que foi a própria presidenta Dilma que trouxe a público as falhas no relatório que fundamentaram sua decisão no Conselho da Petrobras. A senadora destacou, ainda, que a compra da Reinaria de Pasadena era um bom negócio, em 2006, quando foi tomada a decisão. “Do ponto de vista econômico, do interesse da Petrobras e do País, não tinha nada de contrariedade”, conforme atestaram consultorias internacionais reconhecidas no mundo empresarial.

Wellington Dias chamou a atenção para os interesses que vêm sendo beneficiados com o bombardeio á Petrobras. Enquanto os jornais estampam, com estardalhaço, versões negativas sobre a gestão da empresa, nas páginas internas, sem alarde, as mesmas publicações revelam que empresas estrangeiras querem vaga no Conselho Deliberativo da petrolífera. “Esse é um aspecto que precisa ser considerado, porque, também, o que está em jogo é uma das maiores empresas do mundo”, disse o parlamentar piauiense em aparte.

Wellington alertou que um dos motivos para o bombardeio pode ser exatamente o interesse em fazer oscilar o valor das ações da empresa, o que beneficiaria representantes do mercado, mas seria extremamente lesivo aos interesses do País.

Cyntia Campos

 

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