Serra pede que El Salvador reveja suspensão de contatos com governo interino

Serra pede que El Salvador reveja suspensão de contatos com governo interino

O Barão de Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira, deve estar se revirando no túmulo. Uma nota publicada ontem pelo Ministério das Relações Exteriores mostra a que veio o chanceler interino José Serra. Diante do golpe parlamentar que por 55 votos do Senado afastou temporariamente a presidenta Dilma Rousseff, eleita pela vontade popular de 54 milhões de brasileiros, governos de diversos países manifestaram preocupação com o destino da política externa inclusiva do Brasil. El Salvador foi o primeiro a suspender contatos oficiais. 

 

Pegou muito mal para a comunidade internacional as críticas de Serra a países como o próprio El Salvador, Bolívia, Venezuela e outros, inclusive do continente africano. O efeito da contrariedade desses países em relação ao golpe parlamentar se vê na prática e avança a cada dia pelo mundo. Tudo o que não quer Serra, o chanceler interino, e tudo o que não almeja Michel Temer, o presidente interino. 

O fato é que ao suspender os contatos oficiais com o Brasil, El Salvador obrigou o Itamaraty de Serra a descer do pedestal, divulgando nota pedindo a revisão da decisão do presidente salvadorenho Salvador Sánchez. No sábado, Sánchez afirmou que não reconhecia o governo interino do Brasil. 

A nota do Itamaraty, orgulhosa por natureza, afirma que El Salvador não conhece a Constituição brasileira, porque nela há previsão de impeachment. Só que a nota não mostrou que a presidenta Dilma foi afastada sem cometer crime de responsabilidade; que o relator do processo estava sob suspeição e que foi um ato de vingança. Nada disso está contido na nota. Apenas o constrangimento de pedir que El Salvador reavalie sua decisão. 

No site ElSalvador.com, do principal jornal diário daquele país, matéria destaca que às vozes do governo salvadorenho se somam as vozes da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que tem insistido que houve golpe de estado no Brasil. “O não reconhecimento é óbvio. Há uma presidenta eleita com 54 milhões de votos em um regime que não é parlamentarista, é presidencialista. Então, o programa por qual o povo brasileiro votou, no dia seguinte foi trocado como se fosse parlamentarista”, criticou a secretária adjunta da frente, Norma Guevara. “Rogo a Deus que a sensatez retorne ao sistema judicial e parlamentar do Brasil e que seja respeitada a vontade do povo brasileiro que votou em Dilma”, assinalou. 

Abaixo, nota do Ministério das Relações Exteriores 

O Ministério das Relações Exteriores tomou conhecimento das manifestações do governo de El Salvador sobre o processo político brasileiro e de sua decisão de suspender contatos oficiais com o Brasil, que revelam amplo e profundo desconhecimento sobre a Constituição e a legislação brasileiras, sobre o rito aplicável em processos de impedimento e sobre o pleno funcionamento das normas e instituições democráticas no país.

Causam especial estranheza tantos equívocos, uma vez que El Salvador mantém intensas relações econômicas com o Brasil e é o maior beneficiário de cooperação técnica brasileira em toda a América Central.

Por isso tudo o governo brasileiro espera que o governo de El Salvador reconsidere sua posição, com base em avaliação objetiva e factual da realidade, e em respeito às instituições brasileiras e aos princípios que têm regido as relações entre os dois países. 

Leia mais:

 

 

http://www.fmln.org.sv/

 

 

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