Ana Rita quer que País rediscuta uso de água na mineração

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), presidida pela senadora Ana Rita (PT-ES) discutiu, em audiência pública, nesta terça-feira (09), com técnicos e lideranças populares, a situação das localidades afetadas pela escassez de água, por causa das atividades de mineração.

Patrícia Generoso Tomás, moradora de Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, relatou que, até pouco tempo atrás, a cidade era conhecida como a ‘capital mineira do ecoturismo’. Hoje, por conta de um empreendimento de mineração da Anglo American, segundo ela, a cidade possui outros títulos indesejáveis.

“A exploração mineral que se está propondo atualmente, principalmente em Conceição, é pior do que a que se fazia no período colonial porque utiliza água como transporte para o minério. Então, passamos aí 500 anos e estamos numa situação ainda pior na minha visão”, disse.

Patrícia apresentou as consequências do Projeto Minas Rio, uma extração de minério a céu aberto com cava prevista para 12 quilômetros de lavra com projeto de expansão programado e sendo entabulado com duto de minério de 529 quilômetros, passando por 37 Municípios, sendo 25 mineiros, e sete fluminenses, com a utilização de 2.500 m³/h, suficiente para abastecer 220 mil pessoas. De acordo com o relato, a exploração tem trazido gravíssimos problemas ambientais e sociais.

“Esse projeto é um caos, é uma destruição do início ao fim, do ponto inicial ao ponto final. Do ponto inicial, com assoreamentos e aterramentos de nascentes e com um caos social ao ponto final com a salinização das terras e das águas, tornando improdutiva toda uma região e alcançando pequenos proprietários”, alertou.

Para a senadora Ana Rita, os relatos apresentados são gravíssimos. A petista alertou que, o novo Código de Mineração está próximo de ser votado no Congresso Nacional e, segundo ela, não teve a devida atenção dos colegas parlamentares.

“É meio irônico, nós todos, em nossas cidades, fazermos campanhas para combater o gasto de água e evitar o consumo abusivo desse bem. Daí, eu vejo imagens de gastos consideráveis de água na extração de minério e cenas  de animais ficando presos em grandes lamaçais, onde antes existiam lagos, em decorrência da atividade de mineração. Fica-se a impressão de que o povo brasileiro está sendo enrolado”, disse. “Nós temos de pensar nisso de uma forma séria e imaginar uma solução definitiva para a questão da água. Essa extração do minério é algo que precisa ser repensado”, emendou.

Anacleta Pires da Silva, atingida pelo projeto Grande Carajás, e moradora do Quilombo Santa Rosa do Espeto, no Maranhão relatou, em sua apresentação, que na construção do empreendimento, iniciarem-se a construção de ferrovias onde existiam igarapés. Grandes placas de concreto foram colocadas na região e impossibilitaram a passagem de peixes em seu curso natural.

“Hoje a gente tem lá mais uma grande tristeza, ou seja: vemos, durante 24 horas, os carros dessa Vale fazendo estrada dos leitos dos nossos igarapés. Isso é doido”, relatou.

De acordo com Anacleta, caso não seja feito algo de efetivo, todos na região morrerão pela escassez de água e de seus subprodutos naturais, como, no caso, os peixes. “Disse na minha fala inicial que eles começaram matando os peixes. Nós conseguimos viver alguns momentos sem comer nada. Agora, sem beber é mais difícil”, lamentou.

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