Após o golpe, reprovação a Temer aumenta e avaliação de Dilma melhora

Após o golpe, reprovação a Temer aumenta e avaliação de Dilma melhora

Pesquisa mostra que 70% dos brasileiros rejeitam o usurpadorO cenário está bem ruim para o usurpador Michel Temer. Pesquisa da consultoria Ipsos – empresa sediada na França e que hoje é o terceiro maior instituto de pesquisa do mundo – mostra o óbvio: os brasileiros não gostaram do golpe. Em um mês de (des)governo, a popularidade do vice-presidente que foi capaz de articular a derrubada de sua companheira de chapa caiu .No mesmo período, o índice de rejeição à presidenta Dilma Rousseff diminuiu. 

A baixa popularidade tem uma explicação, de acordo com os analistas da Ipsos: falta aos golpistas uma agenda clara de mudança e a sobra a sensação de que os cargos de primeiro escalão estão sendo preenchidos por critérios nada técnicos. 

O resultado é que, de acordo com o levantamento, de maio a junho, a porcentagem de pessoas que desaprovava totalmente ou um pouco o interino cresceu de 67% para 70%. Para Dilma, o mesmo indicador caiu de 80% para 75%. Ainda de acordo com a pesquisa, em junho 43%, dos entrevistados afirmaram considerar o governo federal ruim ou péssimo. Os dados foram coletados entre 2 e 13 de junho, por meio de 1.200 entrevistas em 72 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais. 

Além de indicar a desaprovação do presidente interino e de seu governo, o levantamento também mostrou pessimismo quanto ao futuro do país. Para 89% dos entrevistados, o Brasil está no rumo errado. A porcentagem se mantém no patamar dos 90% desde junho de 2015. 

Danilo Cersosimo, diretor na Ipsos Public Affairs e responsável pela pesquisa, diz que a baixa popularidade de Temer é explicada por três fatores: a falta de uma agenda clara de mudanças, a imagem de político tradicional e o contexto turbulento no qual governa. Segundo Cersosismo, por não ter passado por eleições, Temer não teve um conjunto de medidas apresentado e aprovado pela população. Seus problemas em comunicar as ações intensificariam o problema. Soma-se a isso o momento de instabilidade, com escândalos de corrupção, Congresso arredio, queda de ministros e a própria interinidade de sua gestão. 

“Dado que não passou por um crivo popular, não teve uma agenda aprovada e nunca foi gestor, não se sabe o que esperar dele”, disse o diretor da Ipsos. Ele lembra que o peemedebista não foi escolhido pelos brasileiros como o sucessor de Dilma, mas que sua posse foi consequência de uma vontade de tirá-la do poder. “Era muito mais o impeachment dela, do que uma esperança que se depositava nele. O pensamento era: com ela se tornou tão insustentável que é impossível o vice ser pior.” 

Aparentemente, o brasileiro não se convenceu e o discurso de golpe teria reunido uma base social mais de esquerda que, mesmo crítica à presidente afastada, estaria defendendo seu mandato. Dessa forma, ao responderem que aprovam a petista, não necessariamente elogiam a sua gestão, mas se mostram contrários a um processo supostamente antidemocrático. 

Vale lembrar que a montagem do gabinete de Temer, piorou o cenário. Sem mulheres no primeiro escalão e, depois, com a saída de três ministros, as ameças à continuidade da Lava Jato e vários recuos, muitas das interrogações foram se consolidando. 

E a impressão de que o brasileiro não se interessa pelo cenário político está completamente errada. A pesquisa mostrando a rejeição ao governo Temer esteve, por várias horas, entre os trend topics– assuntos mais comentados – das redes sociais. 

 

Com informações das agências de notícias

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