Crise financeira impede que documento seja mais audacioso

O Brasil e vários países em desenvolvimento defendiam a criação do fundo anual de US$ 30 bilhões, a partir de 2013.

O Governo brasileiro reconhece que o rascunho do documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, ficou comprometido pela crise que afeta as maiores economias do mundo. O embaixador Luiz Alberto Figueiredo, principal negociador do País, confirmou que o texto – finalizado nesta tarde, e que orientará as negociações dos chefes de Estado e governo a partir desta quarta-feira (20/06) – poderia ter propostas mais ambiciosas. “A crise que se abate com mais força sobre os países do norte certamente influenciou a Rio+20. Provocou a retração desses países em áreas importantes, que tem a ver com a solidariedade e a cooperação”, disse ao se referir ao financiamento ao desenvolvimento sustentável.

Dentre os pontos retirados da proposta para atender aos interesses dessas nações , estão os detalhes sobre repasses financeiros, a imposição de cifras e a criação do fundo para o desenvolvimento sustentável. O Brasil e vários países em desenvolvimento defendiam a criação do fundo anual de US$ 30 bilhões, a partir de 2013, e que alcançaria US$ 100 bilhões, em 2018, o que foi rejeitado pelos países ricos.

Embora insatisfeito com o resultado final, especialmente com a retirada da expressão “direitos reprodutivos” – que designa a autonomia da mulher para decidir quando ter filhos –, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, destacou que a atitude brasileira de tomar as redias dos debates para conseguir construir o documento foi fundamental para o consenso. “Foi uma vitória do multilateralismo, um novo multilateralismo, no qual o Brasil exerce um papel de liderança. O espírito do Rio ainda continua vivo, 20 anos depois. Em função das dificuldades e divergências, não foi pouco o que foi conseguido aqui”, declarou, ao ressaltar que mais de 60% do texto foi acordado sob mediação brasileira.

Figueiredo observou que o princípio fundamental da Eco92, a conferência sobre meio ambiente realizada há 20 anos também no Rio de Janeiro. De acordo com o documento final, os países continuam com responsabilidades comuns, mas diferenciadas. “Essa é uma questão absolutamente chave nas discussões porque havia relutância de vários lados. Uns não queriam ser cobrados e outros não queriam perder a conquista de 1992”, afirmou ao reconhecer que, sem estabelecer cifras, foi possível garantir a manutenção de investimentos maiores pelas nações desenvolvidas.

Com informações da Agência Terra

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