Defesa pede impugnação do coordenador da perícia sobre contas de Dilma

Defesa pede impugnação do coordenador da perícia sobre contas de Dilma

José Eduardo Cardozo argumentou que Diego Prandino se manifestou contra o PT e a presidenta Dilma nas redes sociaisPrimeiro, os golpistas barraram o pedido de auditoria internacional nos documentos que, segundo a acusação, sustentariam o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.  Na reunião da quarta-feira passada (8), não bastaram os pedidos e a tentativa da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que chegou a admitir que a perícia fosse de especialistas do Congresso. Foi o primeiro golpe no golpe, como definiu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).   Nessa segunda-feira (13), veio o contragolpe: o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Levandowski – última instância recursal do processo – entendeu que a realização da perícia evitaria prováveis recursos da defesa, que arguiriam a nulidade do processo por parte da defesa e determinou a auditoria.   Foram designados, então, três consultores do Senado para o trabalho: João Henrique Pederiva, Fernando Álvares Leão Rincón e Diego Prandino Alves. Esse último, para coordenar o grupo.   Numa rápida pesquisa, o senador Lindbergh descobriu postagens de Prandino em sua página nas redes sociais onde o servidor se manifestava claramente contrário ao PT e à presidenta Dilma Rousseff.   Na reunião dessa quarta-feira (15), sem sequer mencionar as postagens, o advogado que defende a presidenta, José Eduardo Cardozo, pediu a impugnação de Diego Brandino, alegando que ele teria “demonstrado engajamento político e ideológico contra a presidenta”.   Os golpistas, naturalmente, não aceitaram. Alegaram que o pedido da defesa cerceava o direito de manifestação pessoal do perito, e que essas manifestações não o desqualificariam.   Lindbergh disse que não vê problema no fato de o servidor ter sua visão política, mas disse que a presença dele como coordenador do grupo poderia suscitar dúvidas sobre a isenção da auditoria. “Ressalvamos, por óbvio, o direito democrático dele (Prandinor) se manifestar politicamente, e nosso questionamento não desabona sua atuação como servidor. Mas é explícito que, pela posição política, ele não tem a isenção necessária para realizar o trabalho”, postou o senador em sua página no Facebook. Lindbergh também reproduz alguns dos comentários postados por Prandino.     Não adiantou. A comissão rejeitou a impugnação do perito. O presidente da comissão especial, Raimundo Lira (PMDB-PB), disse que a única alternativa, agora, é o próprio servidor se declarar suspeito para coordenar os trabalhos.   Dispensa de testemunha   O último depoimento do dia seria o do Consultor de Orçamentos do Senado Hipólito Gadelha Remígio. Ele chegou a iniciar sua fala mas foi interrompido pelo relator, Antônio Anastasia (PSDB-MG), que pediu a dispensa da testemunha. Segundo o relator, a audiência era desnecessária, porque Remígio não teria nem praticado nem presenciado atos relacionados ao processo.   Cardozo reclamou. Disse que o consultor estava na mesma condição que outro depoente, o procurador do Tribunal de Contas da União, Júlio Marcelo, que falou na quarta-feira passada (08). Anastasia contra-argumentou dizendo que Remígio estava depondo apenas na condição de especialista e, por isso, ouvi-lo seria desnecessário. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que indicou a testemunha, diz que o Congresso tem responsabilidade objetiva sobre o cumprimento da Lei de Responsabilidade, e por isso convocou Hipólito Gadelha Remígio, consultor de Orçamentos do Senado.   O final da oitiva foi colocado em votação. Naturalmente, os golpistas venceram.   Giselle Chassot   Leia mais:   Lewandowski impede bloco do golpe de atropelar processo e autoriza perícia     Relator rejeita perícia internacional que comprovaria ausência de crime de Dilma

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