Democracia escancarada nas ruas do País mostra que povo não aceita golpe

Democracia escancarada nas ruas do País mostra que povo não aceita golpe

Em todo o País, 275 mil brasileiros disseram não à tentativa de apear a presidenta do PlanaltoFoi bonito de ver. A democracia é uma festa a que sempre é bom comparecer e que é deliciosa assistir. Para quem viveu em tempos negros de ditadura militar, é poesia pura ver gente nas ruas para mostrar que não aceita imposições, decisões monocráticas, agressões à Constituição, golpes.

A Avenida Paulista coalhada de gente estampada nas páginas dos jornais é uma vitória a ser comemorada como gol em Copa do Mundo. Para quem não entendeu, é bom explicar que a mídia tradicional prefere o “outro lado”. O lado de quem defende apear do poder uma presidenta democraticamente eleita e sob a qual não pesa qualquer acusação.

Para a vetusta mídia paulistana, colorir a primeira página de vermelho é assumir que a manifestação “Fica Dilma” teve muito mais força que a promovida pela turma do “Fora PT” no último domingo.

Está tudo lá. Os 100 mil paulistanos (de acordo com os organizadores). Ou 55 mil, de acordo com o Datafolha. Ou, ainda, 70 mil de acordo com os policiais do Estado de São Paulo. Ou os ridículos 3 mil anunciados oficialmente. Os números não importam tanto, porque cada um que veja a foto percebe a avenida cheia, vermelha, animada.

E foi assim em todo o País, onde 275 mil pessoas se dispuseram a participar de uma ação antigolpe. E não importa tanto que no mesmo momento o ministro Luiz Edson Fachin anunciasse seu voto sobre o rito de impeachment contrário ao que pedia o PCdoB. O povo nas ruas mostrou que não vai ser fácil apear uma chefe de Estado do Planalto.

Em todos os estados e no Distrito Federal houve manifestação. Que ficaram ainda mais animadas quando se anunciou que a Procuradoria Geral da República pediu o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Em Brasília, onde 15 mil pessoas andaram pela Esplanada dos Ministérios, do estádio Mané Garrincha até o Congresso Nacional, a presidenta, participou da 3ª Conferência Nacional da Juventude ao lado do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica e mandou seu recado: “Não conseguirão nada atacando minha biografia, sou uma mulher que lutou pelo meu país, amo meu país e sou honesta”. E completou: “E, neste momento, usando todos os instrumentos que o estado democrático de direito me faculta, lutarei contra a interrupção ilegítima do meu mandato”.

Dilma lembrou que a Constituição prevê o impeachment. “Mas não prevê a invenção de motivos”, lembrou, apontando que golpe é atentar contra a democracia. “Repito: os que buscam atalhos para o poder não querem derrubar apenas uma mulher, querem derrubar um projeto que, nos últimos 13 anos, incluiu o povo brasileiro nas rubricas orçamentárias. Foi isso que o nosso governo fez: incluiu a população brasileira”, concluiu.

A primeira grande manifestação nacional em apoio à presidenta foi o início da demonstração de que o povo não vai aceitar passivamente a tentativa de barrar conquistas sociais decisivas para a população e a manobra golpista.

Giselle Chassot

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