MP do Profut mexe com o “vespeiro agressivo” dos cartolas, afirma Aníbal

Para Aníbal, cartolas do futebol não aceitam mudanças proposta pela MP 671 por motivos como a fixação de prazo para mandatosMP da transparência no Futebol!

 

Aníbal Diniz

 

Na última quinta-feira, 23 de abril, foi instalada no Congresso Nacional a comissão especial encarregada pela apreciação da Medida Provisória 671, a chamada MP do futebol, que institui o Programa de Modernização do Futebol Brasileiro (PROFUT), com o objetivo de estabelecer uma nova governança na gestão das entidades que conduzem os destinos do futebol nacional e impõe uma série de condições para a renegociação das dívidas dos clubes brasileiros junto aos órgãos da União como a Secretaria da Receita Federal, Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, Ministério do Trabalho e Emprego e Banco Central do Brasil.

 

De acordo com a MP, que tem prazo final até 18 de maio para ser aprovada, os clubes de futebol têm plena liberdade para aderir às condições para a renegociação de suas dívidas, tendo um período de 36 meses de transição e depois um parcelamento da dívida restante em 204 parcelas mensais. As condições estabelecidas, para o bem do futebol, é que os clubes destinem uma parte das suas receitas para a formação de atletas de base e para o fortalecimento do futebol feminino. Outra condição estabelecida é a responsabilidade fiscal na gestão, que impõem aos dirigentes não assumirem dívidas que comprometam além de 30% do orçamento do primeiro ano da futura gestão. Ou seja, prevê também que os mandatos tenham prazo!

 

É importante ressaltar que os clubes que aderirem à nova negociação ficam obrigados à plena transparência de seus atos administrativos, ao pagamento religioso dos direitos de imagem e de todos os encargos sociais e ao não comprometimento, além de 70% de sua receita anual com o pagamento de atletas.

 

O que se ouve a princípio é que os dirigentes da CBF e dos clubes, principalmente dos grandes, não demonstraram até agora muita simpatia pelo PROFUT e nem deram sinais de disposição para aderir às suas condições.

 

Mas é importante ressaltar que os atletas ligados ao Bom Senso Futebol Clube, representados pelo goleiro pentacampeão mundial Dida no ato de assinatura da MP no Palácio do Planalto, têm plena concordância com o programa, haja vista as condições sub-humanas a que são submetidos 16 mil dos 20 mil atletas do futebol profissional do Brasil (80%) que, além de cumprirem contratos que variam de três a seis meses por ano, têm média de vencimento inferior a dois salários mínimos mensais. Isso para uma profissão de altíssimo risco e reconhecidamente curta, que dificilmente vai além de 15 anos de atividade remunerada.

 

Ao colocar em pauta a gestão do futebol no Brasil, a MP – 671 mexe com um vespeiro imenso e extremamente agressivo, que são os cartolas que estão presentes na CBF, nas federações e nos clubes de futebol. Grandes e pequenos. Imagine se eles aceitariam de bom grado a fixação de prazo para os mandatos, que em alguns casos se estendem pelo tempo do desejo do dirigente.

 

As 181 emendas apresentadas à proposta refletem o tamanho da tensão e do trabalho que o vice-presidente da Comissão Especial Mista do Congresso, deputado Andrés Sanches, velho conhecido da crônica esportiva e mais ainda da torcida do Corinthians, tem pela frente.

 

Meu sincero desejo, como amante do futebol, é que haja bom senso por parte dos dirigentes da CBF, das federações e dos grandes clubes para que todos os esforços sejam empreendidos no sentido de que seja estabelecida uma nova governança para o futebol. Que sejam dadas melhores condições para os pequenos clubes das séries C e D, a exemplo dos projetos que defendi durante minha passagem pelo Senado, e que, verdadeiramente, o Brasil priorize a exportação do espetáculo e não apenas dos atletas promissores, como acontece atualmente.

 

*Aníbal Diniz, 52, jornalista, graduado em História pela UFAC, foi diretor de jornalismo da TV Gazeta (1990 – 1992), assessor da Prefeitura de Rio Branco na gestão Jorge Viana (1993 – 1996), assessor e secretário de comunicação nos governos Jorge e Binho (1999 – 2010) e senador pelo PT- Acre (Dez/2010 – Jan/2015), atual assessor da Liderança do Governo no Congresso Nacional.

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