Suplicy negocia rede solidária para acolher haitianos no Brasil

Senador elogia rede de solidariedade criada espontaneamente em São Paulo para prover teto e alimentação para imigrantes 

Suplicy negocia rede solidária para acolher haitianos no Brasil

Suplicy: “É preciso receber bem e mostrar a
solidariedade aos milhares de haitianos que
estão chegando ao Brasil”.

 

Para garantir a melhor acolhida possível aos haitianos que chegam ao Brasil em busca de uma oportunidade, o senador Eduardo Suplicy (PT-AC) está empenhado em contornar um desconforto entre os governos do Acre e de São Paulo, criado pela imprensa tradicional no último fim de semana. Nesta quarta-feira (30), Suplicy recebeu o Embaixador do Haiti no Brasil, Madsen Cherubim, em seu gabinete e fez diversos telefonemas para o secretariado paulistano e para ministros do Governo Federal. “É preciso receber bem e mostrar a solidariedade devida aos milhares de haitianos que estão chegando ao Brasil”, defendeu o petista, na tribuna do Senado.

Suplicy destacou que o governo paulista está conseguindo coordenar melhor a chegado dos haitianos, após o jornalista Elio Gaspari, em sua coluna publicada pelos jornais O Globo Folha de São Paulo, acusar o governador acriano Tião Viana de “desovar” haitianos em São Paulo, “sem aviso prévio”. A postura de Gaspari provocou a revolta do senador Jorge Viana (PT-AC), que em pronunciamento em plenário na última segunda-feira (28), pediu à imprensa e às autoridades que “não cometam mais injustiças”. 

“Nesses últimos dias, depois de alguns desencontros, percebo que está havendo uma coordenação melhor”, destacou Suplicy. “O Governo do Estado de São Paulo está providenciando almoço aos haitianos com dificuldades ali, no restaurante Bom Prato, do Governo do Estado, e o jantar tem sido, diariamente, fornecido pela Prefeitura Municipal de São Paulo. O café da manhã tem sido doado por donos de alguns dos melhores restaurantes de São Paulo, que até sem divulgação ou propaganda, estão fazendo esse trabalho solidário que quero aqui assinalar e elogiar”, completou.

Na próxima segunda-feira (05), o embaixador do Haiti deve se reunir com a secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, e o secretário de Direitos Humanos, Rogério Sottili. A expectativa do embaixador é tratar de oportunidades de investimento para seu país, a exemplo da autorização cedida pelo governo norte-americano para que produtos têxteis produzidos no Haiti sejam vendidos sem tarifa alfandegária ao ingressar nos Estados Unidos. “Isso poderia ser de grande interesse para empresários brasileiros que queiram realizar investimentos no Haiti”, frisou Suplicy.

O senador paulista ainda destacou o “importante trabalho” realizado pelo Pe. Paolo Parise, da Igreja Nossa Senhora da Paz, para garantir assistência aos imigrantes. “Lá, ouvi o apelo do Pe. Paolo Parise, e dos haitianos, para que a Embaixada do Haiti providencie, mais rapidamente, os passaportes devidos aos haitianos que ainda não os têm”, afirmou.

A imigração haitiana

Desde o terremoto ocorrido no Haiti em 2010 e da seguida epidemia de cólera, os haitianos estão deixando aquele país e vindo para o Brasil. Além de serem submetidos a situações desumanas e perigosas, são explorados por coiotes. Para chegar ao Acre passam pela República Dominicana, Panamá, Equador e Peru, pagando US$ 2 mil e chegando sem documentos.

Em janeiro, eram 1.480 haitianos a espera de documentos na cidade acriana Brasiléia – o que representa mais de 10% da população do município. Ao todo, quase 20 mil imigrantes do Haiti já entraram no País passando pelo Acre.

Catharine Rocha

Leia mais:

Nota da CUT em solidariedade aos trabalhadores haitianos

Aníbal reforça que haitianos têm liberdade para ir e vir

Viana: Acre é só ponto de passagem para haitianos


To top