Viana: morte de cinegrafista marca crescimento da violência no País

Crítico contumaz da violência, o senador Jorge Viana (PT-AC) acredita que a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Ilídio Andrade, é mais um sinal do “embrutecimento” da sociedade brasileira. Em discurso no plenário na tarde desta segunda-feira (10), o senador lamentou o episódio e apresentou um requerimento de pesar, se solidarizando com a família e amigos do repórter cinematográfico.

“É com pesar que trago à tribuna do Senado este sentimento que tem tomado conta do cidadão brasileiro. O cidadão brasileiro não aceita este estado de violência em que o País está metido, este embrutecimento da nossa sociedade”, afirmou Viana ao apresentar o requerimento do voto de pesar – espécie de última homenagem prevista no Regimento Interno da Casa.

“Está escrito agora, na história do País, que um profissional inocente, premiado, treinado para lidar nesse tipo de manifestação, estava lá, tentando inclusive ajudar os que estavam protestando, para buscar uma ação mais justa por parte do Poder Público municipal do Rio de Janeiro, foi atingido de morte na cabeça, pelas costas”, continuou.

Para Jorge Viana, o Brasil prosperou em muitos aspectos nos últimos anos, mas ainda não sabe como lidar com as deficiências, especialmente na área de segurança. O senador disse que vem acompanhando as manifestações que começaram a explodir desde junho do ano passado e acredita que a morte do cinegrafista é a consequência do que já vinha acontecendo – jornalistas e filiados de partido expulsos das passeatas e quebra-quebra. “Se um dia fomos cordiais, hoje estamos ficando bestiais”, disse o senador, destacando que chegou a essa conclusão em uma conversa com a jornalista Tereza Cruvinel, ao constatar que o Brasil não é um país tão pacífico.

“São 50 mil assassinatos por ano no Brasil, 40 mil mortes no trânsito, quase 100 mil. Há que se esperar três anos de guerra da Síria para dar um ano de assassinatos no Brasil. E nós estamos sempre falando que o Brasil é um país pacífico, que é um povo da paz, que é um povo que não faz guerra com ninguém”, ressaltou.

Como outra prova da falta de cordialidade, Viana citou um comentário da jornalista Rachel Sheherazade, na apresentação do Jornal do SBT, em que ele defende um grupo de jovens que amarraram um adolescente, suspeito de ter feito um assaltado, e bateram, arrancaram parte da orelha, ameaçaram de morte e deixaram preso pelo pescoço em um poste. Segundo o petista, mais do que defender a justiça com as próprias mãos, a jornalista incitou a violência.

Jorge Viana ainda observou que as autoridades de todo o País precisam refletir sobre a questão da violência e defendeu a aprovação do projeto de reforma do Código Penal, no qual existe um capítulo dedicado a crimes contra a paz pública, com tipificações e penas para terrorismo, por exemplo, além do aumento de pena para crimes contra a vida.

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