“Vivemos uma anarquia institucional neste País. Isso é péssimo!”, diz Viana

“Vivemos uma anarquia institucional neste País. Isso é péssimo!”, diz Viana

“A repercussão desse governo interino é péssima para o Brasil, dentro e fora do País”Quando encontramos um amigo, é normal perguntar: tudo bem? Se essa pergunta for feita ao senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro-vice-presidente do Senado, certamente ele responderá, “Não, nada está bem”. E isso ele mostrou nesta segunda-feira (16) ao discursar na tribuna da casa em relação aos recentes eventos políticos e do golpe parlamentar. 

A vontade externada nas urnas por 54 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em Dilma Rousseff foi substituída pela vontade de 55 votos favoráveis ao afastamento da presidenta legitimamente eleita. “Pela primeira vez na história temos dois presidentes, um em um palácio e outro em outro. Mas não é só no Executivo. Na Câmara também há dois presidentes, um em casa, afastado, e outro na corda bamba. Essa é a situação que vivemos hoje e alguns se arvoram a dizer que vivemos a plenitude democrática. Estamos vivendo uma anarquia institucional neste País. Isso é péssimo”, afirmou. 

Jorge Viana apresentou o cenário crítico da jovem democracia brasileira e destacou a reação dos jornais internacionais que interpretam os acontecimentos de maneira fidedigna, ao contrário da mídia local. “A repercussão desse governo interino é péssima para o Brasil, dentro e fora. A entrevista concedida pelo presidente interino ao Fantástico foi recepcionada com apitaço, com panelaço e com repulsa nas ruas”, disse ele. 

 O próprio interino reconheceu que não tem popularidade e, semanas antes, Jorge Viana ouviu do hoje ministro do Planejamento, Romero Jucá, que a presidenta Dilma não podia ficar no governo pois não teria mais apoio popular. “E este governo interino tem? A presidenta estava com baixa popularidade, mas ela tinha legitimidade do voto”, observou. 

Essa é a síntese da armação feita, segundo o senador, para afastar a presidenta eleita. Outro exemplo dado por Jorge Viana ilustra a situação. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando se fala em cassação, aí a chapa Dilma-Temer não existe, mas para o impeachment que resulta num governo ilegítimo, 55 votos são o bastante para substituir o sufrágio de 54 milhões de brasileiros. 

Ainda em seu discurso, Jorge Viana concedeu aparte ao senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que pediu calma para esperar as medidas do governo Temer. Mas Jorge Viana respondeu que prefere sofrer uma injustiça do que praticar alguma. “Como eu vou dar 100 dias para um governo ilegítimo? Se tivesse passado pelas urnas daria seis meses. Mas para um governo ilegítimo? Resultado de uma ação combinada?”, questionou. 

Jorge Viana ainda abordou o desencontro entre o que o novo ministro da Justiça defendeu para acabar com o respeito ao mais votado na listra tríplice na escolha do procurador-geral da República e o desmentido pelo próprio interino Michel Temer. “Não fui eu que dei uma entrevista e não fui eu que dei a outra. O País não aguenta isso. Isso é instabilidade”, apontou. 

O senador mostrou, ainda, a nomeação para subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil do advogado Gustavo do Vale Rocha, que defende Eduardo Cunha. “Calado diante disse não vou ficar. Nunca joguei no quanto pior, melhor, mas tenho amor pelo meu País. Quero ver a oposição raivosa, intolerante contra o PT, se ela acha normal essa nomeação”, comentou. 

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