Nas últimas semanas, a palavra genocida passou a ser associada a Jair Bolsonaro. Não é por acaso. Desde o início da pandemia, seja por meio de declarações, seja por medidas provisórias, vetos e outros atos administrativos, o presidente atuou para impedir o combate ao coronavírus, causando um incontável número de mortes que poderiam ser evitadas.
Hoje, às vésperas de alcançar a marca de 300 mil óbitos por Covid-19, o Brasil é o lugar onde mais se morre pela doença no mundo. E estudo coordenado por especialistas da Universidade de São Paulo (USP) já comprovou que esse verdadeiro extermínio não se deve a simples incompetência. Segundo os pesquisadores, houve, sim, empenho do governo pela disseminação do vírus, “declaradamente com o objetivo de retomar a atividade econômica o mais rápido possível e a qualquer custo”.
Na contramão do mundo e ignorando a Constituição Brasileira, que determina a “inviolabilidade do direito à vida”, Bolsonaro decidiu trabalhar para que a Covid-19 se espalhasse rapidamente, apostando na chamada imunização de rebanho, mesmo sabendo que, em um país do tamanho do Brasil, isso representaria a morte de centenas de milhares de pessoas.
Sim, é difícil acreditar que o Brasil seja governado por alguém que despreza a vida de compatriotas. Mas as evidências não permitem outra conclusão. A seguir, listamos 10 atos que comprovam o genocídio praticado por Bolsonaro, pelo qual ele precisa responder na Justiça. É o que pedem a sociedade, juristas e entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que encaminhou ao STF pedido pelo reconhecimento da “responsabilidade pelo caos e situação calamitosa na qual o Brasil atualmente se encontra na figura do Presidente da República e seus gestores, notadamente o Ministro da Saúde”.
10 provas de que Bolsonaro é responsável por mortes na pandemia:
1. Subestimou a pandemia de propósito
Desde o começo da pandemia, Bolsonaro difundiu a ideia mentirosa de que a Covid-19 não era algo preocupante e que, inevitavelmente, a maioria da população seria contaminada, o que evidencia a estratégia da imunização de rebanho. Os exemplos são inúmeros, mas destacamos um: nove dias depois do pronunciamento em cadeia nacional de 24 de março de 2020, no qual se referiu aos sintomas como “gripezinha”, Bolsonaro disse a apoiadores: “Tá com medinho de pegar vírus? Brincadeira. E o vírus é uma coisa que 60% vão ter, ou 70%”.
2. Atacou as estratégias para conter o vírus
Ao mesmo tempo em que buscou convencer a população de que 70% seriam infectados e que isso não era nada demais, Bolsonaro agiu contra medidas que podem barrar o vírus. Para isso, promoveu, sempre sem máscara, aglomerações (cumprimentou apoiadores, foi à padaria, foi à praia…) e atacou prefeitos e governadores que tentavam conter a Covid-19, com declarações e ações na Justiça. Um dos vários exemplos dessa última estratégia é a recente ação no STF contra medidas que restringem a circulação de pessoas em alguns estados e no DF.
3. Sabotou o auxílio emergencial
Para que a estratégia de isolamento social funcionasse, era necessário garantir renda aos trabalhadores, e a principal medida para isso foi o auxílio emergencial. Bolsonaro nunca apoiou verdadeiramente essa medida. Defendeu que, em 2020, ele fosse de apenas R$ 200 e foi o Congresso Nacional quem o obrigou a pagar R$ 600. Em dezembro passado, anunciou o fim da ajuda e só voltou atrás após grande pressão. Mesmo assim, com a PEC 186, reduziu o total destinado ao benefício de R$ 320 bilhões, em 2020, para R$ 44 bilhões, em 2021.
4. Atrasou a vacinação
Jair Bolsonaro, agora, diz que vai vacinar os brasileiros, mas, na verdade, nunca se preocupou com a imunização. Deu repetidas declarações colocando as vacinas sob suspeita (veja vídeo abaixo) e não agiu para que a proteção chegasse logo aos brasileiros. Pelo contrário. Por meio do Ministério da Saúde, recusou oferta da Pfizer, feita em agosto de 2020, para adquirir 70 milhões de doses. Em outubro, mandou o ministério cancelar a compra de doses da Coronavac.
5. Tirou verba da Saúde no pior momento
Bolsonaro retirou recursos da saúde pública no momento em que a pandemia se tornou mais grave. Por meio da PEC 186, tentou desvincular a Saúde e a Educação do orçamento, proposta absurda que acabou derrotada no Congresso. O governo, porém, manteve a Saúde sujeita ao teto de gastos. Resultado: o orçamento para área em 2021 terá R$ 35 bilhões a menos do que teve em 2020. De acordo com a Comissão Mista de Orçamento, do Congresso Nacional, o orçamento previsto para este ano é de R$ 125,8 bilhões, só R$ 3,6 bilhões a mais que em 2019, quando não havia pandemia. Em 2020, foram R$ 160,9 bilhões.
6. Investiu em remédios que não funcionam
Não bastasse atrapalhar a vacinação dos brasileiros, Bolsonaro fez propaganda da hidroxicloroquina, um remédio que inúmeros estudos provaram que não funciona contra a Covid-19. A droga foi até mesmo recomendada por meio da plataforma oficial TrateCOV. E, pior, o governo Bolsonaro investiu recursos públicos no remédio, dando ordem ao Exército para aumentar sua fabricação. O caso é investigado pelo Ministério Público.
7. Demitiu ministros que sabem de medicina
Irritado ao ver que seus dois primeiros ministros da Saúde durante a pandemia, que eram médicos, se recusavam a adotar seu discurso negacionista e genocida, Bolsonaro os demitiu. Nelson Teich, que ocupou o cargo entre 17 de abril e 15 de maio, deixou claro que precisou sair devido à pressão de Bolsonaro, que exigia uma recomendação oficial da pasta para o uso da cloroquina. “Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”, declarou Teich. Em seu lugar entrou o general Eduardo Pazuello, que viu, em sua gestão, o número de mortos pela Covid-19 saltar de 15 mil para mais de 280 mil.
8. Atentou contra a vida de profissionais de saúde e pacientes
Aqui, os exemplos são vários e vamos citar apenas alguns dos mais chocantes. Após ser avisado pela Anvisa que havia distribuído máscaras que não serviam para uso médico, o Ministério da Saúde se recusou a trocá-las. O governo Bolsonaro nada fez para impedir que pacientes ficassem sem oxigênio em Manaus. E, recentemente, soube-se que a compra de anestésicos necessários para intubar pacientes foi suspensa.
9. Negou ajuda a indígenas e quilombolas
Ao sancionar o PL 1142/2020, que reconheceu os povos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais como “grupos de extrema vulnerabilidade” durante a pandemia, o presidente vetou, por exemplo, a obrigação de o governo fornecer “acesso a água potável”, distribuição de cestas básicas e “distribuição gratuita de materiais de higiene, limpeza e de desinfecção para as aldeias”. Coube ao Congresso derrubar tais vetos, mas eles são outra prova das intenções genocidas de Bolsonaro.
10. E ainda tentou esconder os dados
Enquanto colocava em prática seu perverso plano, Bolsonaro tentou confundir a população e esconder os números que mostravam o genocídio em curso. Em 11 de junho de 2020, durante live, afirmou que os números (oficiais) eram exagerados e estimulou seus apoiadores a invadir hospitais para constatar a realidade com os próprios olhos. Seis dias antes, o site do Ministério da Saúde havia saído do ar para retornar, no dia seguinte, apenas com os dados das últimas 24 horas, sem mostrar o total de infectados e mortos. Essa e outras estratégias, como o atraso na divulgação dos números, levou a imprensa a iniciar sua própria contagem de casos e óbitos, coletando os dados diretamente com as secretarias de Saúde dos estados e do DF.