Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Dia Nacional de Tereza Benguela. Dia Internacional da Agricultura Familiar. Três datas fortes que, coincidentemente comemoramos no mesmo 25 de julho. A escolha do mesmo dia para a celebração não foi proposital, mas bem que poderia ser, pois Tereza Benguela foi uma agricultora familiar negra que viveu e liderou a resistência à escravidão no Quilombo Quariterê que ficava no Vale do Guporé, no Mato Grosso, coração da América Latina!
Nossos livros de história enaltecem como heróis – que não foram, as figuras dos bandeirantes que entravam pelos sertões matando, prendendo ou sequestrando índios e negros para escravizá-los. Os historiadores não tratam aqueles mercadores de pessoas como criminosos e seus nomes ainda identificam rodovias, cidades e ruas em todo o País. Enquanto isso, lideranças como a Rainha Tereza são esquecidas pelos homens brancos que escrevem nossos livros escolares.
De meados de 1730 até o final do século XVIII, após o assassinato de seu companheiro por policiais, Tereza assumiu a liderança do Quilombo Quariterê, criou um sistema de segurança voltado para a resistência e diversificou a produção agrícola, garantindo comida farta para todas e todos que viviam na comunidade.
25 de julho é um dia de luta dos mais importantes em nosso calendário. É dia de celebrarmos a vida de Tereza Benguela, a mulher negra que não se submeteu à escravidão e mostrou que uma agricultura familiar forte é capaz de garantir a soberania e a segurança alimentar do povo. Quase três séculos depois, Rainha Tereza precisa ser resgatada como exemplo de resistência e de liderança para as mulheres de nosso continente.
As mulheres negras não podem continuar sendo desrespeitadas. Nossos companheiros, companheiras, filhos e filhas não podem seguir sendo vítimas de violência, e a escravidão não pode continuar resistido à abolição. Que Tereza Benguela inspire as lutas desta Pátria Grande por dignidade, por abundância de alimentos e por vida plena.