Forjado pelas lutas populares, o Partido dos Trabalhadores chega aos 41 anos de existência nesta quarta (10) como a maior legenda de esquerda da América Latina e único partido brasileiro que colocou seus candidatos entre os dois primeiros em todas as eleições presidenciais desde a redemocratização, como lembrou recentemente o cientista político Luis Felipe Miguel.
Em um país polarizado e dividido por anos e anos de desconstrução da imagem do partido e seus integrantes por membros do Sistema Judiciário e da imprensa corporativa, o PT ainda é a principal referência política brasileira. Também é antípoda da necropolítica implantada pelos governos do golpe parlamentar, jurídico e midiático – apoiado e financiado por setores do capital financeiro nacional e internacional – que em 2016 afastou a presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff.
Na ocasião, Dilma proferiu um discurso na tribuna do Senado que hoje soa como profecia. “O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a proteção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria”. E prosseguiu: “O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal. O que está em jogo é a inserção soberana de nosso País no cenário internacional, pautada pela ética e pela busca de interesses comuns”.
Dilma prenunciou o que adveio com a ascensão do usurpador Michel Temer e a posterior eleição de Bolsonaro. As mesmas forças políticas que apoiaram o golpe contra ela ajudaram a eleger, de forma ativa ou passiva, o ex-tenente levado a se aposentar do Exército com a patente de capitão, representante da extrema direita bárbara tupiniquim.
Mas, a despeito do lawfare sofrido por Inácio Lula da Silva, que o retirou das eleições presidenciais de 2018 quando liderava a preferência dos eleitores, Fernando Haddad chegou ao segundo turno e ainda obteve 47 milhões de votos contra 57 milhões de Bolsonaro, em um pleito em que 30% do eleitorado preferiu se omitir: houve 2,4 milhões de votos em branco, 8,6 milhões de votos nulos e 31,3 milhões se abstiveram de votar.
Mesmo que a agenda ultraliberal implementada por Temer e, depois, pela dupla Bolsonaro-Guedes tenha intensificado a retirada de direitos do povo e a perda da soberania nacional, em benefício de interesses do mercado financeiro nacional e internacional, o PT continua ao lado do povo brasileiro.
A coragem, o espírito de luta e a resistência do Partido dos Trabalhadores, que nasceu para enfrentar retrocessos, ações antinacionais, agendas recessivas e ultraliberais de governantes não compromissados com as causas sociais e humanitárias, continuam intactas.
A história do PT é mais do que a de uma organização. É de todo o vasto campo popular que se constituiu através e além dele. Suas disputas internas são fruto de um processo de eleição direta (PED) de uma organização com mais de dois milhões de filiados.
Em quatro décadas, o PT fez avançar a democracia e promoveu mudanças na sociedade brasileira ao dar voz aos que sempre foram excluídos. As transformações dos 13 anos em que esteve na Presidência da República o fizeram ser conhecido internacionalmente como o partido que revolucionou a política brasileira, incomodando as oligarquias que há cinco séculos exploram o país.