Entrevista

Rogério Carvalho repudia tentativas de anistiar quem cometeu atos golpistas

Durante a entrevista senador também fez uma forte defesa da democracia brasileira e afirmou que a reforma tributária promoverá justiça fiscal

Daniel Gomes/Assessoria de Comunicação

Rogério Carvalho repudia tentativas de anistiar quem cometeu atos golpistas

Senador Rogério Carvalho durante entrevista à Veja

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) concedeu entrevista à Veja, nesta quinta-feira (12/12), abordando temas que estão em destaque no cenário político brasileiro. Entre os assuntos, o parlamentar discutiu o fortalecimento da democracia, os avanços do governo Lula, a necessidade de um ajuste fiscal responsável e os desafios para o Congresso nos próximos dias. Ele também foi enfático ao criticar tentativas de anistiar quem cometeu atos antidemocráticos.

Ao comentar sobre o pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal, o senador explicou o processo legislativo em curso e a relevância das medidas para o país. “Para que possamos votar no Senado, precisamos primeiro aguardar a Câmara concluir a votação. Se houver alterações, o texto retorna à Câmara. Acredito que, se o governo resolver as pendências relacionadas ao pagamento das emendas impositivas – sejam individuais, coletivas ou de comissões –, a votação do pacote de ajuste fiscal ocorrerá na Câmara”, explicou.

“Assim, na próxima semana, o Senado terá tempo para apreciar a matéria. Trata-se de um tema relevante para o país: precisamos enquadrar os gastos dentro do novo arcabouço fiscal, preservando conquistas sociais importantes”, acrescentou.

Rogério Carvalho ainda comentou que o texto do ajuste mantém conquistas sociais como o crescimento real do salário mínimo e os investimentos em saúde e educação, além de cortar incentivos fiscais em momentos de descontrole orçamentário. “Trata-se de um conjunto de medidas objetivas que exigem a boa vontade do Congresso, não apenas com o governo, mas com o povo brasileiro e a economia nacional”, disse.

Ajustes fiscais e desafios no Congresso
Sobre as dificuldades no avanço das negociações, o senador observou que os desgastes nas relações institucionais muitas vezes decorrem da falta de cumprimento de acordos, o que, em sua opinião, acaba prejudicando o avanço de projetos importantes. “Alterar regras no meio do jogo é sempre prejudicial e traz desgastes. Mexer em regras futuras, por outro lado, é mais aceitável. Hoje enfrentamos insatisfações entre parlamentares devido ao não cumprimento de acordos dentro do prazo, o que gera tensão na base governista”, revelou.

Carvalho também defendeu mais transparência na destinação de emendas parlamentares, argumentando que a sociedade demanda maior clareza sobre os beneficiários e a aplicação desses recursos.

Contra a anistia de envolvidos em atos antidemocráticos
Questionamento sobre as tentativas de “perdoar” pessoas que atentaram contra a democracia, o senador foi enfático ao rejeitar qualquer possibilidade de anistiar envolvidos nos atos de 08 de janeiro de 2023. “Sou contra anistiar quem comete crimes graves, especialmente quando há evidências de tentativas de golpe contra as instituições democráticas. Os eventos de 8 de janeiro foram o ápice de um processo contínuo de agressões que vinham ocorrendo desde a eleição presidencial”, disparou.

“Não podemos repetir erros do passado, como ocorreu durante a transição do regime ditatorial para a democracia. Estamos em um regime democrático consolidado, e cabe ao Judiciário julgar quem cometeu crimes previstos em lei”, complementou.

Reforma tributária: maior justiça fiscal
Outro tema abordado foi a reforma tributária, onde Carvalho defendeu a tributação de dividendos como forma de garantir compensação fiscal e aliviar a carga tributária sobre os trabalhadores. “A proposta é viável se houver compensação fiscal. Isso pode ser feito, por exemplo, tributando dividendos de quem hoje não paga imposto sobre renda. Atualmente, uma parcela extremamente rica da população, que recebe milhões ou até bilhões em dividendos, é isenta de impostos”, reforçou, afirmando que essa mudança é essencial para promover maior equidade no sistema tributário.

Liderança política e construção de consensos
Ao final da entrevista, Carvalho destacou o papel do PT no Senado em promover diálogos e superar divisões ideológicas, revelando que “já estou acompanhando a liderança e o partido, e, em fevereiro, assumo o papel de líder do PT no Senado”. “O objetivo na liderança é construir pontes, construir diálogos, trazer o debate no campo imediato para questões que sejam de interesse da sociedade brasileira, porque não podemos ficar fazendo debate sobre temas que não são do interesse da maioria da sociedade brasileira. Então a gente precisa focar e definir pautas, inclusive trabalhar isso junto à presidência do Senado e junto à articulação política do executivo e do governo. Precisamos superar divisões ideológicas que atrasam o avanço civilizatório do país”, concluiu.

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