Daniel Gomes

Líder do PT no Senado, Rogério Carvalho, durante a audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos
Na manhã desta terça-feira (22/4), o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do Partido dos Trabalhadores no Senado Federal, teve papel de destaque durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que contou com a presença do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. A audiência integra o calendário regular de comparecimentos da autoridade monetária ao Parlamento, conforme previsto no Regimento Interno da Casa.
A reunião teve como objetivo apresentar as diretrizes e perspectivas da política monetária do país, mas tornou-se também um espaço para o aprofundamento de temas centrais da economia brasileira, como taxa de juros, inflação, câmbio e crescimento. Durante sua intervenção, Carvalho fez uma firme defesa das políticas econômicas implementadas pelo governo Lula e alertou para os riscos do discurso derrotista que, segundo ele, mina a autoestima nacional e distorce os avanços recentes da economia brasileira.
“Este é um governo eleito, reeleito e jamais atentou contra a democracia. Diferente do que muitos propagam, vivemos um momento de estabilidade institucional e avanço econômico”, afirmou o senador. Ele também fez questão de relembrar que, mesmo após o golpe que retirou Dilma Rousseff da Presidência, o PT respeitou as instituições e jamais atentou contra os símbolos da República.
Com isso, o líder do PT destacou dados econômicos que evidenciam a força e a recuperação do Brasil sob a liderança de Lula. “Saímos da 14ª para a 10ª maior economia do mundo. Em termos de transações comerciais, somos hoje a sexta. E mais: reduzimos um déficit de R$ 240 bilhões em 2023 para R$ 0,09 bilhões em 2024. Isso é resultado de uma política fiscal responsável e de uma governança comprometida com o povo brasileiro”, enfatizou.
O senador também abordou as causas estruturais da instabilidade cambial e criticou ataques especulativos contra o real. “O que houve no fim do ano passado foi criminoso. Apostaram contra a nossa moeda. E o Banco Central agiu corretamente, reestabelecendo a ordem e a confiança no mercado”, disse, ressaltando que o papel do Banco Central deve ser rediscutido, especialmente no que diz respeito ao controle sobre os fundos que hoje concentram 75% da liquidez nacional.
Além disso, Rogério defendeu ainda que o Brasil lidere, junto a outras nações, a criação de uma nova moeda de troca internacional, reduzindo a dependência global do dólar e fortalecendo economias emergentes. “Se negociarmos entre os países do BRICS e seus aliados com uma nova moeda, o dólar perderá força e deixará de interferir tanto nas decisões de países como o nosso”, pontuou.
Crítico das políticas de austeridade que marcaram o período pós-golpe, o senador afirmou que a Europa só saiu da crise quando flexibilizou seus arcabouços fiscais. “Aqui, a ‘jabuticaba’ do teto de gastos contraiu a economia, jogou 30 milhões de brasileiros na fome. Nosso novo arcabouço é diferente. É flexível, responsivo e permite ações anticíclicas”, explicou.
Ao falar do Bolsa Família, Rogério fez um resgate histórico do programa. “Foi desmontado, virou Renda Brasil, depois voltou com outro propósito — o eleitoral. Mas agora precisa ser remodelado, estruturado como uma política permanente de renda básica”, defendeu.
O parlamentar finalizou com críticas ao sistema tributário brasileiro, chamando atenção para a necessidade de justiça fiscal. “Neste país, só paga imposto quem é assalariado. Rico não paga imposto de verdade. Os dividendos, onde está a renda dos mais ricos, seguem isentos. Isso precisa mudar. A reforma tributária deve garantir justiça, progressividade e equilíbrio entre os interesses representados nesta Casa”, concluiu.