O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente ao mês de julho, divulgado hoje, pode ser interpretado de diversas formas, que é um índice antecedente, ou seja, uma prévia do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas não foi criado pelo BC para esta finalidade, apenas como peça acessória ao setor privado. O principal dado que é utilizado pelas agências de notícias, para alegria da corrente catastrofista, é que na comparação com o mês de junho a atividade econômica caiu 0,33%. Mas, lendo os números de outra maneira, mais crua, nota-se que a atividade cresceu de janeiro a julho 3,1%.
Se observarmos a comparação com o mês de julho do ano passado, a atividade econômica cresceu 2,6%. Aliás, o IBC-Br está melhor em todas as comparações oferecidas, ou seja, cresceu 3,21% em relação a julho do ano passado; 2,63% se comparado com o ritmo da atividade de dois anos atrás e, por fim, cresceu 2,3% em doze meses.
As agências de notícias acertam ao dizer que a melhoria da atividade econômica se deve às medidas adotadas pelo governo da presidenta Dilma quando reduziu o IPI para linha branca (geladeiras, fogões e outros produtos) e para automóveis, ou quando desonerou a folha de pagamento das empresas com a substituição do recolhimento das contribuições previdenciárias, de 20%, para a base de cálculo sobre o faturamento bruto das empresas, com alíquotas de 1% a 3%, como forma de reativar a economia. E esse movimento está dando os resultados, tanto é que o PIB divulgado pelo IBGE surpreendeu os mais convictos dos torcedores contra o crescimento da economia. A oposição silenciou.
Mas as agências erram quando atribui a queda pontual de 0,33% de julho em relação a junho a um cenário negativo, como se esse resultado bastasse para sacramentar que neste segundo semestre o desempenho da economia será ruim. Sob essa ótica, o ICB-Br, como quer alguns, cai como uma luva traduzindo um indicador antecedente do PIB. Nas matérias de hoje, as agências informam que esse índice do BC serve para balizar os juros. Há outro porém nessa análise, porque há um mês o BC elevou os juros e não é possível estabelecer para o mês de setembro uma relação com o nível de atividade divulgado hoje e que se refere à julho.
O que os analistas de plantão estão dizendo nas entrevistas para os jornais e agências de notícias é que, vejam só, a política de gastos públicos em alta, um menor corte de gastos neste ano no orçamento por parte do Governo Federal e a disparada do dólar, tudo isso junto, contribuem para pressionar a inflação. Há um demasiado exagero nas previsões. A política fiscal do governo, ou seja, os gastos, estão em queda em relação ao PIB, num percentual abaixo de 3%. O governo anunciou um corte no orçamento, sem sacrificar um centavo destinado aos investimentos sociais em programas como o Bolsa Família ou Minha Casa, Minha Vida. As obras do PAC estão andando bem. Então, o que se vê é uma corrente de rentistas que reverbera seus mais secretos desejos que é a volta da inflação e uma economia em queda.
Se depender da condução rígida da política econômica pela presidenta Dilma, os analistas de mercado vão continuar peneirando algum dado que possa levar temor às pessoas, mas a verdade é que o povo não deve estar lendo ou ouvindo os comentaristas da TV sobre a economia. Se tivessem, a confiança dos consumidores não daria um resultado positivo em mês de agosto. O comércio varejista cresceu, as pessoas voltaram a ter confiança, tomaram mais empréstimos e foram às compras sem medo de ser feliz. Enfim, a inflação está em queda, o ritmo da atividade econômica é satisfatório e, gostem ou não, a popularidade da presidenta Dilma voltou a crescer. Então esse dado do IBC-Br deve ser comemorado sim.
Marcello Antunes
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