As manifestações de junho de 2013 e mais recentemente os “rolezinhos” – encontros de jovens da periferia em shoppings, marcados por meio das redes sociais – provocaram uma mudança de paradigma: a juventude deixou a margem da agenda de políticas públicas do governo para ganhar posição de destaque. E a retomada do protagonismo desse grupo na política brasileira deve estar entre as pautas prioritárias nas eleições deste ano, na avaliação do secretário nacional de Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT), Jefferson Lima, entrevistado nessa terça-feira (28) por Luciana Mandelli, diretora da Fundação Perseu Abramo, para a primeira edição de 2014 do programa entrevistaFPA.
“São mais de 50 milhões de jovens no Brasil”, observou Jefferson, ao propor uma aproximação do partido com os jovens das periferias. “O PT é fruto das mobilizações e não pode se assustar com elas. Mas as manifestações precisam ter caráter cada vez mais progressista e o partido precisa dialogar com a parcela grande da juventude das periferias”, disse, acrescentando que “os temas da juventude precisam e vão ser centrais nas eleições deste ano”.
Jefferson Lima citou os rolezinhos como um “fenômeno importante” de ser estudado, para entender a jovens; e criticou a repressão. “Preconceito e racismo no País explicam a repressão aos rolezinhos. Não houve repressão no rolezinho dos universitários nos shoppings”, afirmou o secretário.
Outras pautas
O monopólio dos meios de comunicação, também foi apontado por Jefferson como um dos temas centrais das mobilizações de junho de 2013. Segundo ele, o assunto deve continuar impulsionando grandes discussões. “Democratização da mídia é pauta da juventude, assim como lutas relacionadas à autonomia das mulheres e contra a violência homofóbica”, disse.
Desmilitarização das polícias militares, legalização da maconha, politização das juventudes, as novas direções partidárias com presença marcante de mulheres, negros e jovens, e reforma política foram outros temas abordados pelo secretário durante o programa, por provocação dos internautas que enviaram comentários e perguntas.
“Nós somos o único partido com cotas para as instâncias de direção. E a JPT deve dialogar com a diversidade da juventude brasileira e com os movimentos sociais. Os temas nacionais precisam dialogar com a juventude brasileira”, alertou e relembrou que desde 2008 é consensual na JPT o debate sobre descriminalização das drogas. Para Jefferson, a “política repressora não é solução para o problema das drogas, não leva a avanço algum”.
Para o futuro, a JPT deve se envolver no plebiscito popular da reforma política, nas pautas fundamentais que tem relação com o cotidiano das juventudes na área do emprego, ensino e mobilidade, e envolver todos jovens do País nos debates a respeito dos cinquenta anos da ditadura militar. “É muito importante a juventude brasileira saiba o que aconteceu no tempo da ditadura militar e debater a história do Brasil”, finalizou.
Com Fundação Perseu Abramo
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