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Trabalhadores pagam mais imposto de renda que milionários

Estudo do Sindifisco revela distorções que favorecem os ricos e penalizam quem trabalha; reforma do IR mira esses privilégios

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Trabalhadores pagam mais imposto de renda que milionários

Fatia isenta gigantesca no IR beneficia os mais ricos

No Brasil, quem recebe pouco mais de cinco salários mínimos paga proporcionalmente mais Imposto de Renda do que os milionários. É o que revela um estudo recém-divulgado pelo Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), jogando luz sobre uma distorção que há anos corrói o sistema tributário brasileiro.

Segundo dados de 2024, referentes ao ano-calendário 2023, os trabalhadores com renda entre cinco e sete salários mínimos (de R$ 6.600 e R$ 9.240) tiveram uma alíquota efetiva de 6,63%. Já os super-ricos, com rendimentos mensais acima de 240 salários mínimos, pagaram em média 5,28%.

O quadro fica ainda mais escandaloso quando se observa a faixa entre 15 e 20 salários mínimos, de R$ 19.800 a R$ 26.400, onde a alíquota efetiva chega a 11,40%, mais do que o dobro da cobrada dos milionários. A lógica, que deveria ser progressiva, inverte-se a partir daí: quanto maior a renda, menor o peso proporcional do imposto. É a regressividade travestida de justiça.

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A estrutura do IR favorece os ricos

O segredo da distorção está na estrutura atual do imposto de renda. Entre os declarantes com ganhos superiores a 240 salários mínimos, 71% da renda é isenta ou não tributável. Já entre os que recebem de um a dois salários mínimos, essa fatia não chega a 11%.

Essa engrenagem tem um motor poderoso: a isenção sobre lucros e dividendos distribuídos a sócios e acionistas, vigente desde 1996. Só em 2023, esses rendimentos somaram R$ 700 bilhões, um aumento de 14% em relação ao ano anterior. Essa brecha fiscal não apenas permite que os mais ricos escapem do peso do imposto, como também incentiva a chamada “pejotização”, que transforma rendimentos trabalhistas em dividendos livres de tributação. É uma manobra que legaliza a desigualdade.

O sistema penaliza a classe média assalariada e favorece quem vive de rendas, lucros e aplicações financeiras. É o avesso da equidade: quem deveria contribuir mais paga menos; quem não tem como fugir assume a conta.

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Reforma do IR: a hora da mudança

Os dados do Sindifisco não deixam espaço para ilusões. O imposto de renda brasileiro está de cabeça para baixo. A reforma que o país precisa e agora está nas mãos do Congresso Nacional não pode se limitar a reajustar faixas ou corrigir a tabela. É necessário enfrentar o núcleo do problema: acabar com privilégios fiscais que beneficiam poucos e sobrecarregam a maioria. Enquanto isso não acontece, a injustiça seguirá como regra.

O Projeto de Lei nº 1.087/2025 prevê a isenção total ou parcial de cerca de 25 milhões de brasileiros no pagamento de IR. Para equilibrar as contas, o governo propõe uma alíquota mínima de 10% sobre rendimentos elevados, medida que atingirá apenas 0,13% dos contribuintes. Segundo o presidente Lula, a proposta é fiscalmente neutra: “Estamos falando que 141 mil pessoas que ganham acima de R$ 600 mil, acima de R$ 1 milhão por ano, vão contribuir para que 10 milhões de pessoas não paguem Imposto de Renda. É simples assim”.

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