Alessandro Dantas

Durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira (16/9), o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do Governo em exercício no Senado Federal, fez um duro discurso contra o que classificou como uma “agressão à soberania brasileira” por parte dos Estados Unidos. Segundo ele, o Brasil foi o único país a receber de Washington uma carta oficial condicionando relações comerciais a uma decisão de tribunal nacional — algo que não ocorreu com nações como China e Suíça.
Carvalho destacou que, diferentemente de outros países que sofrem apenas com tarifas comerciais, o Brasil foi alvo de dois fatores: desinformação e tentativa de ingerência institucional. “O presidente norte-americano mentiu ao dizer que o Brasil era um mau parceiro comercial e que cobrava taxas abusivas sobre produtos americanos. Mentira. O Brasil cobra, em média, apenas 2,5% de tarifa sobre esses produtos”, afirmou.
Para o senador, esse tipo de narrativa “distorce a realidade e fragiliza a imagem do país no cenário internacional”. “E isso tem impacto direto nas relações comerciais e na percepção de investidores estrangeiros”, completou.
Defesa da soberania e da democracia
O líder do Governo ressaltou, ainda, que a primeira linha do comunicado enviado pelos EUA ao Brasil foi uma afronta à autonomia institucional. “Nenhum outro país recebeu uma carta pedindo interferência em suas instituições. Isso é um ataque direto à nossa soberania”, disparou
Desse modo, Rogério defendeu que cabe ao presidente Lula assumir de forma inequívoca a defesa do país. “O Brasil foi atacado em sua institucionalidade e em sua soberania. Quem se submete a isso coloca o país em risco. O presidente Lula tem dado a resposta correta, mostrando ao mundo que nossa soberania não está em jogo”, disse.
Brasil como exemplo democrático
Em outro momento, Carvalho comentou sobre o papel do Brasil na condução de julgamentos relacionados à tentativa de golpe de Estado, apontando que o país deu uma lição ao mundo ao responsabilizar os envolvidos sem rupturas democráticas.
“Nós julgamos uma conspiração para matar um presidente eleito, o vice-presidente e um ministro do STF. Um crime que, se tivesse ocorrido nos Estados Unidos, poderia resultar em pena de morte; se na França, em mais de 90 anos de prisão. Aqui foi julgado conforme a Constituição, e o mundo observa a firmeza do Brasil”, pontuou.
Com isso, Carvalho revelou que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Itamaraty buscaram de todas as formas reverter a tensão diplomática, mas encontraram barreiras impostas diretamente pela Casa Branca.
“Estivemos nos Estados Unidos e ouvimos da própria embaixada brasileira a dificuldade em dialogar com a Casa Branca. Vimos obstrução e um desejo claro de humilhar o Brasil. Mas somos uma nação livre, com um povo trabalhador e altivo, que não será subjugado por nenhuma nação”, reforçou.
Análise econômica e política
Ao apresentar essas questões, o senador Rogério reiterou a importância da política externa como instrumento de defesa da economia nacional. E, ao denunciar a postura dos EUA, o senador evidenciou os riscos de transformar disputas comerciais em instrumentos de pressão política e institucional. “O Brasil precisa manter altivez nas negociações internacionais, garantindo competitividade sem abrir mão da soberania”, defendeu.
“Não podemos aceitar que o Brasil seja humilhado. Nossa economia depende da credibilidade externa, mas também da preservação da nossa democracia e da autoestima do povo brasileiro”, concluiu.