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Depoimento revela esquema financeiro das fraudes e deputado petista vê conexão política

“CPMI precisa focar nos verdadeiros responsáveis”, afirmou Alencar Santana

Alessandro Dantas

Depoimento revela esquema financeiro das fraudes e deputado petista vê conexão política

Bancada petista na CPMI aponta conexões políticas nas fraudes contra aposentados

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realizou a oitiva de Domingos Sávio de Castro, apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos principais operadores financeiros da organização criminosa que fraudou descontos em benefícios previdenciários. Domingos Castro, que já tem uma condenação anterior por estelionato qualificado e organização criminosa, é acusado de ser peça central na lavagem do dinheiro desviado.

As investigações da PF, no âmbito da Operação Sem Desconto, indicam que Domingos Sávio de Castro foi responsável por montar a complexa engenharia corporativa e financeira usada para mascarar a origem ilícita dos recursos. Ele controlava empresas de fachada nos ramos de call center, consultoria e corretagem de seguros, essenciais para a circulação dos valores. Ele operava em conluio com Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS.

Durante o depoimento, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) apontou as conexões entre o esquema de criação de entidades, captação de associados e descontos fraudulentos e figuras da administração Bolsonaro.

“O senhor Domingos é parte integrante da coordenação de um núcleo que envolve o desvio de centenas de milhões de reais, associado ao Antônio Camilo, e com todas essas conexões. O Onyx [Lorenzoni] era secretário-geral da Presidência, logo em seguida, assumiu a Presidência do INSS. E quem montou essa engenharia aqui? Hoje a gente sabe: André Fidelis, Virgílio Filho, junto com essas entidades. E quem é que estava no comando do INSS? José Carlos Oliveira, o homem-chave do esquema Bolsonaro dentro do INSS”, explicou o deputado.

Domingos Sávio de Castro é ACDS Call Center, empresa apontada como base de telemarketing e captação de falsos associados para entidades fraudulentas. A sigla ACDS, inclusive, reproduz as iniciais de Antônio Carlos “Careca do INSS” Camilo Antunes e Domingos Sávio, evidenciando a parceria comercial e técnica. A ACDS Call Center e a Callvox eram o núcleo operacional do esquema, responsáveis por ligações automatizadas, captação de dados e falsificação de adesões.

Além disso, Domingos Sávio de Castro é procurador da Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação (Abapen). Os relatórios financeiros da PF revelam que ele movimentou recursos que totalizam mais de R$ 10,584 milhões, e que circularam por pessoas físicas e jurídicas ligadas. As quantias são consideradas incompatíveis com seus rendimentos declarados.

Piloto

Mais cedo, a CPMI ouviu Henrique Galvão, piloto que prestou serviços à Conafer, entidade apontada como uma das que mais faturaram recursos a partir de descontos ilegais de aposentadorias e pensões. Na avaliação do deputado Alencar Santana (PT-SP), a Comissão perdeu a oportunidade de chegar aos verdadeiros criminosos que roubaram os aposentados.

“Quem eram os políticos, se houve algum? Quem eram os servidores? E aparentemente há vários. Quem são as outras pessoas por detrás dessas entidades que roubaram os aposentados, que cometeram esse crime vergonhoso e covarde?”, questionou.

Alencar lembrou que as autoridades do governo Lula, que foi o responsável por acabar com o esquema, investigar e punir os responsáveis e ressarcir os aposentados, estão colaborando com a CPMI. “Nós temos que ouvir aqui os ex-ministros do Governo Bolsonaro, os ex-presidentes do INSS. Porque nós sabemos que as entidades entraram, a partir de 2019, com a omissão do governo de então, inclusive do ex-Ministro da Justiça, que recebeu de maneira formal uma denúncia e não tomou providência”, salientou.

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