Alê Bastos

Deputado Rogério Correia expôs relação de bolsonaristas com as fraudes no INSS
As investigações da CPMI do INSS têm revelado que o esquema bilionário de descontos indevidos em benefícios previdenciários se consolidou e expandiu durante o governo Jair Bolsonaro (2019-2022), com conexões diretas entre operadores da fraude e o alto escalão da administração pública do período.
Documentos do inquérito e organogramas da investigação apontam que a aprovação dos acordos de cooperação técnica (ACTs) envolveu uma cadeia de comando que ia do Ministério da Economia até a diretoria do INSS, especialmente entre 2019 e 2021. Os ACTS são os instrumentos que permitiam os descontos nas aposentadorias e pensões.
O esquema de assinatura dos ACTs se deu em um período em que as funções da Previdência Social foram absorvidas pelo Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes.
A CPMI ouviu nesta segunda-feira (01/12) Jucimar Fonseca da Silva, que atuou como coordenador de Pagamentos de Benefícios na Diretoria de Benefícios do INSS durante a gestão Bolsonaro. O depoente é figura central na manutenção dos descontos indevidos, mesmo após alertas internos sobre as fraudes. Ex-vereador em Manacapuru (AM) pelo PL, Jucimar da Silva é investigado por ter minimizado os riscos das fraudes. Ele emitiu pareceres favoráveis à manutenção de acordos, por exemplo, avaliando que as fichas de filiação às entidades era desnecessária e que as reclamações dos beneficiários não traziam riscos à continuidade dos descontos.
Durante o depoimento, o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que é importante notar as relações políticas dos envolvidos na fraude. O depoente, salientou o deputado, deu pareceres em 2022 a favor de associações que se tornariam campeãs nos descontos irregulares, arrecadando milhões. “Eram entidades picaretas que cresceram no governo Bolsonaro. Depois [de março de 2025] elas baixam e vão a zero porque o presidente Lula acabou com os descontos”, afirmou Rogério Correia.
O governo do presidente Lula estancou as fraudes, num primeiro momento, por meio da apuração isenta da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União. As providências seguintes incluíram a suspensão imediata dos ACTs com as entidades flagradas em irregularidades, o que cessou o sangramento mensal nos contracheques dos aposentados. E garantiu a devolução dos valores descontados indevidamente. Até o momento mais de R$ 2,6 bilhões foram devolvidos para R$ 3,3 milhões de aposentados e pensionistas.



