Saúde

Senador Rogério defende luta antimanicomial e relembra ações pioneiras realizadas em Aracaju

Líder do PT no Senado destacou ações estruturantes que substituíram o modelo manicomial na capital sergipana e apontou para a necessidade de expansão nacional de políticas de cuidado voltadas à saúde mental

Daniel Gomes

Senador Rogério defende luta antimanicomial e relembra ações pioneiras realizadas em Aracaju

Em um pronunciamento firme e contundente, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) destacou, na tarde desta terça-feira (2/12), durante sessão plenária do Senado Federal, a importância da luta antimanicomial no Brasil e a necessidade de fortalecer políticas públicas de cuidado em liberdade para pessoas com transtornos mentais. O discurso ganhou destaque pela defesa enfática dos direitos humanos e pela crítica às iniciativas que tentam retomar modelos de reinstitucionalização.

Ao relembrar sua trajetória na gestão pública, o líder do PT no Senado Federal fez um retrospecto de sua atuação como secretário de Saúde de Aracaju, período em que liderou uma transformação histórica no cuidado em saúde mental. Ele lembrou que, ao assumir a pasta, encontrou o antigo manicômio Adauto Botelho com mais de uma centena de pessoas institucionalizadas em condições desumanas.

“Quando eu virei secretário de Saúde de Aracaju, existia um manicômio, o Adulto Botelho. E lá havia mais de uma centena de pessoas institucionalizadas, tratadas como animais. Pessoas que tiveram sua existência como cidadãs e como seres humanos simplesmente arrancada. Nós devolvemos a essas pessoas a vida, a possibilidade de terem família, de reconstruírem uma existência que lhes havia sido negada”, afirmou.

Trabalho humanizado e dedicado às pessoas
Rogério Carvalho também lembrou que, enquanto secretário, conduziu a implantação e a expansão dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em Aracaju, estruturando uma rede de cuidados baseada na convivência comunitária e na autonomia dos pacientes. “Esse trabalho representou um avanço decisivo no combate ao modelo asilar e na promoção de políticas públicas humanizadas”, relatou.

“Nós provamos que é possível cuidar sem excluir, tratar sem aprisionar e reconstruir vidas sem violar a dignidade de ninguém. A rede de CAPS mostrou que o caminho é a liberdade, o acolhimento e o respeito ao ser humano em sua integralidade”, acrescentou o senador.

Necessidade de enfrentamento mais profundo
Ainda em seu discurso, Carvalho reiterou que os manicômios representam uma das maiores tragédias sociais da história brasileira, ressaltando que a luta antimanicomial devolveu dignidade a milhares de pessoas que foram esquecidas por décadas nos porões de instituições onde poucos lucravam com a miséria humana. “Qualquer tentativa de reinstitucionalizar pessoas com transtornos mentais significa retroceder e ignorar o caráter crônico dessas condições”, criticou.

“Portanto, o tratamento das doenças mentais deve seguir o mesmo cuidado necessário às pessoas com diabetes ou hipertensão, pois o acompanhamento permanente e a reabilitação psicossocial são indispensáveis”, concluiu.

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