Vice-presidente do Senado condena “aproveitadores organizados”

Para o senador Jorge Viana, as instituições envelheceram e é preciso renovar os canais de comunicação com a sociedade.

 

“Não é a violência da manifestação.
É a violência dos que usam as manifestações”

As recentes manifestações de rua em todo o País são a expressão de um Brasil novo, afirma o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), que defende uma profunda reflexão das instituições e organizações políticas para renovar os canais de comunicação com a sociedade e compreender as demandas e necessidades desse novo Brasil.

“Essas manifestações, sim, são filhas desse mundo novo, desse Brasil novo. É real”, afirma o senador. “Temos um PIB cinco vezes maior do há dez anos, um salário mínimo quatro vezes maior, 40 milhões de pessoas que chegaram à classe C. São conquistas invejáveis no mundo. Mas o povo quer mais e precisamos ter respostas para esse mais”, avalia Viana.

Ele comparou as recentes manifestações a “um terremoto, que nada mais é que o acúmulo de energia a partir do choque de placas tectônicas. Há uma energia acumulada”. Para Viana, as manifestações precisam ser entendidas como a busca de uma agenda nova e não cabem as tentativas irresponsáveis de usá-las para atender a interesses escusos. “Nossas instituições envelheceram. As pessoas se sentem frustradas por não terem canais de participação nelas, que não absorveram a revolução tecnológica”.

O senador condenou a violência “inaceitável” desencadeada por setores que classifica de “aproveitadores organizados”, a expressão da intolerância de setores extremistas da direita. “Não é a violência da manifestação. É a violência dos que usam as manifestações. Essas atitudes que mancham essas manifestações que lutam por um Brasil melhor”.

Para Viana, o sistema político brasileiro está envelhecido e a reforma política, que só depende do Parlamento para acontecer, é uma medida urgente para oxigenar o processo político. “Por que não criar mecanismos novos, modernos, que incorporem as redes sociais, para acompanhar os financiamentos de campanha?”. Ele defende mudanças profundas para resgatar o respeito do cidadão ao voto, “porque o maior patrimônio do processo democrático é o voto, que hoje não vale nada”.

Outro desafio, afirmou o senador, é melhorar a qualidade de vida nas cidades, ampliar a oferta e a qualidade dos serviços públicos. “Há problemas seriíssimos nas cidades brasileiras. Não é possível que um trabalhador leve duas, três horas para ir e voltar do trabalho, por exemplo”.

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